Aluno relatou medo em treinamento do Bombeiros à mãe
Do G1 MT
O aluno do curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros, Rodrigo Claro, de 25 anos, que morreu após aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, relatou o medo de participar das atividades em mensagens para a mãe no dia do acidente. O corpo de Rodrigo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá. O velório acontece no 1º Batalhão de Bombeiros Militar e, em seguida, o corpo deve ser levado para Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá.
Por meio de assessoria, o Corpo de Bombeiros lamentou a morte de Rodrigo Claro e informou que um inquérito Policial Militar deve ser aberto para apurar os fatos.
“Ele me mandou uma mensagem no mesmo dia, dizendo que estava com muito medo porque uma Tenente que ‘pega no pé’ dele estaria lá. Até parece que ele já sabia o que ia acontecer”, contou Jane Patrícia Lima Claro, mãe do jovem.
Nas mensagens enviadas por um aplicativo de telefone, Rodrigo alerta a mãe sobre o que poderia acontecer. “Se você não conseguir, passar mal, sei lá. Até eles te pegarem e verem que você não está de corpo mole”, diz a mensagem.
Horas depois, Rodrigo volta a falar com a mãe e mandou a última mensagem antes de ser internado em coma. “Não consegui. Estou mal. Vou para a coordenação”, diz trecho da mensagem. Ele foi internado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e diagnosticado, a princípio, com um aneurisma cerebral. Um laudo apontando as causas da morte deve será emitido em 15 dias.
Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros, informou que Rodrigo foi liberado da aula prática de salvamento depois de reclamar de dor de cabeça. A família, no entanto, contesta a versão.
“Ouvi dos colegas do Rodrigo que estavam lá que ele foi afogado várias vezes. Eles nos relataram que ele fez a travessia da lagoa e disse que não aguentava, mas que os instrutores o obrigaram a retornar. Meu neto foi retirado de lá pelos colegas”, declarou o avô de Rodrigo, Jair Patrício de Lima, que é lavrador.
Além disso, para a família, houve omissão de socorro. De acordo com a mãe de Rodrigo, o jovem saiu da lagoa passando mal. “Ele vomitou ao sair de lá e já estava muito mal. Não teve um instrutor que teve a capacidade de colocar meu filho dentro de um carro, já que não tinha uma ambulância, e trazê-lo para um hospital”, disse.
Ainda segundo o avô do jovem, ele pilotou uma moto por cerca de 15 km até chegar. “Ele poderia ter morrido ainda no meio do caminho. Para mim, houveram os crimes de tortura e omissão de socorro”, declarou Jair Patrício.