Deputado Daltinho é acusado de gravar reunião para chantagear colegas
Mídia News
O deputado estadual Adalto de Freitas (SD), o “Daltinho”, é acusado de ter gravado uma reunião em que parlamentares da gestão passada discutiam como fariam para receber mais “mensalinhos” do Executivo, e usado a gravação para se manter no mandato, uma vez que era suplente na época.
A revelação foi feita pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), em sua delação à Procuradoria Geral da República, homologada no dia 9 pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na delação, Silval afirmou que desde a gestão do ex-governador e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), os deputados estaduais recebem propina mensal para apoiar os projetos do Governo.
De R$ 30 mil, a propina teria subido para R$ 50 mil por mês na gestão de Silval, que chegou a gravar parlamentares recebendo maços de dinheiro no gabinete de seu então assessor Silvio Araújo.
“Que isso aconteceu até o ano de 2010, sendo que entre os anos dentre os anos de 2008 a 2010 a pessoa do governo responsável pelas negociações com os deputados passou a ser Eder Moraes [ex-secretário], sempre com a ciéncia do governador Blairo Maggi e a partir de 2010 em diante com a minha ciência, sendo que na época em que eu era governador do Estado, eu mesmo conduzia essas conversas com a mesa diretora, sempre na pessoa de José Riva [ex-presidente da Assembleia]”.
“O então deputado Sergio Ricardo, nos ano de 2007 até o ano de 2012, (hoje conselheiro do TCE-MT) também participava dessas negociações sobre o mensalinho dos deputados, mas após 2012 ficaram responsáveis por essa negociação os deputados estaduais José Riva, Romoaldo Junior e Mauro Savi”.
De acordo com o ex-governador, em 2012 ou 2013, os deputados fizeram uma reunião entre eles dentro da Assembleia para “discutir como eles iriam conseguir mais vantagens indevidas do Governo”.
“Tal reunião foi gravada pelo deputado Adalto de Freitas, vulgo Daltinho, que passou a chantagear os deputados estaduais da época, usando tal gravação para manter-se no mandato, pois ele era suplente na época”.
Silval contou que Daltinho entregou a filmagem para o deputado Romoaldo Júnior e usava isso para se manter no exercício do cargo de deputado.
“Essa gravação foi mencionada para mim pelos deputados Romoaldo Junior, Riva e Mauro Savi”.
Efeitos da reunião
Conforme o ex-governador, após a reunião citada, os deputados José Riva, Mauro Savi, Romoaldo Junior, Gilmar Fabris, Baiano Filho, Wagner Ramos e Dilmar Dalbosco foram até o Palácio Paiaguás “e passaram a exigir uma participação nas obras da Copa do Mundo, pois do contrário não aprovariam as contas e criariam dificuldades na aprovação de leis”.
“Nessa reunião eu ofereci passar para a gestão de alguns deputados obras no montante de R$ 400 milhões do MT Integrado, para que os deputados conseguissem receber cerca de 3% a 4% dos empresários de propina, no entanto, eles não aceitaram tratar diretamente com os empresários, ficando decidido com os deputados estaduais que eu iria ficar responsável por nomear alguém para receber esse montante de 3% a 4% dos empresários e repassar para os deputados estaduais”.
Silval disse que delegou tal tarefa ao então secretário adjunto da Secretaria de Transportes, atual Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), Valdisio Viriato, que recebia tais montantes dos empresários e repassar ora para Silval ora para Silvio Araújo, que faziam o posterior repasse aos parlamentares.
Valdísio é réu da 5ª fase da Operação Sodoma e, recentemente, conforme adiantado pelo MidiaNews, confessou que ajudou em fraudes na secretaria a mando de Silval. Ele também admitiu ter recebido propina de empreiteiras e repassado ao ex-governador.
“Ficou estipulado o valor de R$ 600 mil por deputado, sendo que Silvio tem uma lista contendo os valores repassados a cada deputado, pois era a pessoa responsável em repassar tais valores aos deputados a meu pedido. Silvio conseguiu gravar os deputados estaduais recebendo tais propinas. Tais pagamentos ocorriam concomitantemente com os valores pagos pelo mensalinho através de orçamento suplementar”.