Mui amigo o Bob Jeff

As eleições desse ano vão entrar para a história. Além da acirrada polarização, os players acabaram cunhando personagens incríveis, os quais nos renderão muito trabalho para explicar às futuras gerações. Imagine você tentando explicar para os seus netos quem foi o “Xandão”, o “Véio da Havan”, o “padre fake”, o “Bozo”, o “Luladrão” (Ih, esse eu não podia escrever! Agora, já foi!). E não é que surgiu mais um: o Bob Jeff!

Roberto Jefferson foi preso ontem em Comendador Levy Gasparian, cidade situada no sul do estado do Rio de Janeiro, depois de 8 horas de resistência. A ordem de prisão partiu do ministro do STF Alexandre de Moraes, por descumprimento de Jefferson das condicionantes de sua prisão domiciliar. Seu retorno ao cárcere não é, portanto, ilegal nem foi decretada à revelia dos autos do processo criminal que ora sofre. Por que resistir, então?

Jefferson, nitidamente, pretendeu criar caso e um factoide político. Atirou por 21 vezes com um fuzil na direção dos agentes da Polícia Federal que cumpriam o mandado judicial e atirou-lhes ainda 2 granadas, as quais feriram a dois deles, um delegado e uma agente. Já que a prisão deriva de ordem judicial, não cabia resistência, especialmente armada e, por isso, Jefferson ainda incorreu em tentativa de homicídio contra os agentes. E mais! Condenado que fora, não possuía mais autorização para portar armas de fogo, incorrendo em posse ilegal, também.

Pelo mandado, Jefferson deveria ser preso durante o dia, como manda a lei. Mas, em estado de flagrante delito (de tentativa de homicídio e posse ilegal de arma de fogo), sua prisão poderia ser feita a qualquer hora do dia. E foi! O episódio ganhou ares de novela da Globo, de Dias Gomes mesmo, com o surgimento do padre Kelmon para mediar o conflito. Pode uma coisa dessas? Teve ainda a ida do ministro da Justiça, a mando do presidente Jair Bolsonaro, para fazer sei lá o quê. Na ocasião, a Polícia Federal não funcionava como órgão administrativo que é, sujeita, portanto ao ministro, mas como polícia judiciária, em cumprimento a ordem promanada pelo Poder Judiciário. A presença do ministro em nada mudaria a decisão.

O fato foi excelente aos interesses de Lula, que buscará, com toda a energia, “colar” o caso à campanha de Bolsonaro à reeleição. Certamente, serão encontradas uma ou outra fala mais contundente do presidente acerca das armas, da resistência armada, juntarão as imagens da viatura com o para-brisa estilhaçado e dos policiais feridos e terminarão com algo do tipo: “isso é o bolsonarismo”.

O presidente já se antecipou ao inevitável movimento de Lula e condenou os ataques de Jefferson aos policiais e à ministra Carmen Lúcia, chamando-o de “bandido” ainda. Mas não sei se o ocorrido tem o condão de mudar voto. Quem vota em Bolsonaro não mudará o voto por isso, por um ato de terceiro. E não acredito que algum indeciso vá voltar em Lula por causa do incidente. De qualquer forma, o ato de Bob Jeff não ficará restrito às páginas policiais ou aos autos judiciais; deve ganhar as luzes da ribalta política eleitoral mesmo. Esse tal do Bob Jeff, que se diz apoiador de Bolsonaro, é “mui amigo”, hein!?

Agora MT