Quantos anos você tem? – Agora MT

Quando me perguntam “qual sua idade?”, respondo logo: “49 anos”. Mas, se a pergunta for “quantos anos você tem?”, daí, me acabrunho todo porque realmente não sei. É que “quantos anos você tem?” refere-se aos anos que ainda não vivi. Os anos já vividos já não os tenho mais. Restam-me, portanto, os anos futuros apenas.

A morte é, ao mesmo tempo, a maior certeza e maior incerteza da vida. Sabemos que ela virá, mas não quando ela virá. Notou que botei as palavras “morte” e “vida” na mesma frase? Pois é! Ambas estão inexoravelmente conectadas. “Que papo funesto esse! Eu, hein?”, você deve estar pensando. E eu concordo. Mas, falar abertamente sobre o tema pode ser benéfico de alguma forma.

Chegando aos 50 anos, posso garantir, o tempo que me resta na Terra começa a ser um assunto na pauta. Claro que buscarei prolongar meus dias e é claro que, como cristão, não vejo problema na morte em si: o meu Salvador ressuscitou! Nossa maior inimiga foi terminada por Ele e, como crente, desfruto a paz que essa vitória pode me dar. Interessa-me, porém, imaginar os anos que tenho à frente para poder “ajeitar” as coisas, sabe?

A partida é inevitável e seu momento, desconhecido. Contudo, a gente quer deixar tudo no jeito: os filhos educados e encaminhados na vida, as finanças em ordem, uma renda para o cônjuge que conosco dividiu a vida, um legado em nossa profissão, o reconhecimento dos amigos e da comunidade que servimos aqui. Às vezes, tenho medo de não ter tempo para algo assim, e aí vem a preocupação.

Quando chega o fim do dia, sento-me para conversar com a Rô (é assim que chamo a Dona Rosana em casa). Mais que esposa, ela é minha melhor amiga. A gente fala do que aconteceu no trabalho, na família, na política, na economia. De repente, ela comenta: “Tato (é assim que ela me chama em casa), soube daquele acidente em que o fulano de tal morreu? Nossa, ele tinha 30 e poucos anos e deixou duas crianças”. Fato muito comum, infelizmente. Invariavelmente, nossos olhos se encontram depois de notícias como essa e marejamos os olhos. A tal vítima do acidente é um desconhecido para nós, mas a identificação nossa para com ela é imediata. “Meu Deus, ela não teve tempo de ‘ajeitar’ as coisas”, logo penso, e me condoo com a vítima.

Acho que é mais ou menos na minha idade que as prioridades começam a mudar mais uma vez. Digo “mais uma vez” porque as prioridades mudam muito ao longo da vida. Quando criança, prioridade é brincar; na adolescência, curtir; na juventude, amar; o trabalho é a prioridade na fase adulta. Mas quando esta vai terminando e a melhor idade vai chegando, a gente quer mesmo é viver!

Não quero que pense que estou pretendendo lhe fazer prosélito ao cristianismo (quem me dera poder fazer alguém crer em Cristo! Isso é obra do Espírito Santo, não minha), mas gostaria de compartilhar com o leitor que eu não espero a morte; espero o Rei do céu! Ele virá aqui outra vez e tenho convicção ainda maior de que será nesta geração. Para o caso de eu estar enganado, entretanto, pego-me às vezes pensando em quantos anos ainda tenho. 20? 30? Espero que muitos! Tenho muita coisa pra “ajeitar” ainda. E você: quantos anos tem?

Agora MT