MidiaNews | O jogo do bicho

Atualmente, jogar no bicho é proibido por lei, mas existem sites que oferecem jogos do bicho online, semelhantes ao jogo original.

A regulamentação pode ser benéfica para o sistema, uma vez que pode aumentar a segurança para os jogadores e trazer retornos sociais

Devido à falta de regulamentação dos jogos de azar no Brasil, jogar em sites hospedados fora do país não é considerado crime.

 

A principal dica que posso dar para quem deseja fazer apostas de forma legal é procurar por sites hospedados no exterior e que possuem a licença do jogo.

 

Os sites devidamente licenciados, como o  Aposta Hub, geralmente possuem essa indicação no rodapé da página. Além disso, é importante ficar de olho na aprovação do Marco Legal dos Jogos pelo Congresso Nacional, que deverá acontecer em 2023.

 

De acordo com o projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados e que está aguardando votação para o Senado, o jogo do bicho será legalizado e poderá ser explorados por particulares que atenderem às exigências da lei e dos regulamentos.

 

Com isso, o jogo será explorado legalmente em todo o país, com uma fiscalização intensa do Governo.

 

A regulamentação pode ser benéfica para o sistema, uma vez que pode aumentar a segurança para os jogadores e trazer retornos sociais em razão da arrecadação de impostos, principalmente.

A História do Jogo do Bicho

A história do jogo do bicho teve início na cidade de São Sebastião, no Rio de Janeiro, em 1892, no Jardim Zoológico.

 

Cada visitante do zoológico recebia com seu ingresso um ticket com a figura de um animal. Ao final do dia, uma gravura que ficava o dia todo coberta era enfim revelada e mostrava o animal vencedor. Esse animal era escolhido previamente, dentro de 25 opções de animais pelo Barão de Drummond, o proprietário do Zoológico.

 

Esse novo atrativo do Jardim Zoológico de Vila Isabel foi criado para gerar novas receitas e fazer frente à crise financeira que o Jardim vinha enfrentando e logo virou um sucesso e foi replicado em outros lugares.

 

Desde sua criação, o jogo do bicho se popularizou e virou uma verdadeira febre no Rio de Janeiro, especialmente entre as classes sociais menos favorecidas.

 

Não demorou para se criarem leis proibindo o jogo do bicho, mas sempre com baixa eficácia. Nas palavras de Simone Soares, o jogo do bicho “é a contravenção mais controvertida do país”.

 

A figura do bicheiro, responsável por organizar o jogo do bicho, tornou-se também popular. É a figura do Al Capone à brasileira. Tal como o mafioso ítalo-brasileiro, o bicheiro leva às pessoas um jogo que, apesar de proibido, é socialmente aceito e amplamente popular.

 

Para buscar maior aproximação com a população e ter uma boa receptividade, diversos bicheiros adotaram a prática do “mecenato”, que consistia em doações e patrocínios a eventos sociais e esportivos. Busca-se, com isso, a complacência e a proteção social.

 

Nesse cenário, houve casos de patrocínios de times de futebol. O caso mais notório talvez seja do bicheiro Castor de Andrade, que patrocinava e participava ativamente da vida do time de futebol Bangu Atlético Clube, bem como da escola de samba Mocidade Independente de São Miguel.

 

Mas a aproximação entre futebol e jogo do bicho é muito maior do que isso e está na sua própria origem e vinda para o Brasil, como explica a excelente obra de Micael Herschmann e Kátia Lerner, Lance de Sorte – O futebol e o Jogo do Bicho na Bélle Époque Carioca.

A implementação de políticas de jogo responsável é fundamental para termos um ambiente saudável

 

Tanto futebol como o jogo do bicho floresceram no Brasil no final do século XIX, junto com o nascimento da República Brasileira. Ambos nasceram e foram rapidamente incorporados ao cotidiano brasileiro.

 

No entanto, o Brasil do final dos anos 1800 passava por uma tentativa de modernização, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. E nesse campo inseriu-se uma iniciativa de reforma moral, inspirada em um modelo ético europeu puritano, tipicamente inglês. Assim, existiam atividades incentivadas e consideradas edificantes, como recitais de poesia, jogos de salão, danças e cantorias.

 

Por outro lado, reprimia-se aqueles jogos que eram considerados pobres e, geralmente, acabavam sendo proibidos, tais como jogo do bicho, briga de galo, capoeira e futebol.

 

No entanto, a maior parte da população continuava a praticar o jogo do bicho e o futebol.

 

Desde então, o futebol e o jogo do bicho nunca saíram da vida lúdica do brasileiro. Futebol se consolidou como a paixão nacional e permeia diariamente a nossa vida – mesmo daqueles que não tenham absolutamente nenhum gosto pelo esporte.

 

De igual modo, o jogo do bicho se enraizou na vida cotidiana nacional e desde a infância já nos deparamos com essa atividade presente em diversos espaços públicos.

 

Apesar da sua ampla e contínua aceitação social, a atividade permanece ilegal e é importante ressaltar que todos os jogos de azar dependem exclusivamente da sorte e, portanto, quem aposta deve ter atenção a qualquer sinal prejudicial à saúde mental decorrente do jogo.

A implementação de políticas de jogo responsável é fundamental para termos um ambiente saudável com a liberação dos jogos de azar, e devem ser aplicadas para todos os tipos de jogos. Em caso de legalização do jogo do bicho, a regulamentação irá obrigar os operadores de jogos a implementarem políticas de jogo responsável que contribuam efetivamente para um jogo saudável, puramente recreativo e consciente por parte dos apostadores.

 

Ricardo Feijó é advogado especializado na regulamentação dos jogos de azar no Brasil

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