Economista prevê “queda de braço” entre Banco Central e governo
Agência Brasil
A equipe econômica do governo federal e a equipe do Banco Central devem continuar travando ‘quedas de braços’, com medidas aumentar o consumo da população do lado do governo, enquanto o BC realiza um arrocho monetário para controlar a inflação. A avaliação é do economista Vivaldo Lopes, que prevê maior dificuldade do BC para controlar a inflação em 2023, o que deve manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%.
Na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também houve quedas de braços entre as equipes, pois o governo ampliava o pagamento de auxílios, estimulando o consumo e buscando melhorar a pontuação do ex-presidente nas pesquisas eleitorais, enquanto o Banco Central fazia um dos arrochos monetários mais duros da história.
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“Eu acho que ainda vai ter uma queda de braço, porque a equipe econômica, e está no DNA do PT, quer aumentar o papel do Estado na economia. Outro padrão dos governos do PT é aumentar os gastos públicos. Esses dois fatores dificultam mais o trabalho da política monetária”, afirma o economista, em entrevista ao Estadão Mato Grosso.
O economista também reforça que o Banco Central deve manter a taxa Selic no mesmo patamar ao longo deste ano, com possibilidade de mudanças somente a partir do mês de março de 2024. A medida é necessária, pois o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) ainda está acima do teto da meta. Em 2022, a inflação encerrou o ano em 5,79%, acima dos 5% do teto da meta.
Já para 2023, as projeções apontam que a inflação também deve superar a meta do Banco Central, que é de 3,25%, com o teto em 4,75%. As projeções do mercado financeiro apontam para uma inflação de 5,36% este ano. A informação consta no primeiro boletim Focus do ano, do Banco Central, divulgado nessa segunda-feira (9).
O economista da VLopes Econômica afirma não acreditar em alguma pressão do governo para que o Banco Central abaixe a taxa de juros. Na última semana, o ministro da Casa Civil fez críticas à Selic, alegando que “taxa de juro alta não faz bem para nenhuma economia no mundo”. A crítica foi feita durante entrevista à CNN.
“A Selic está alta porque é necessário. É igual você fazer radioterapia, ninguém gosta de fazer radioterapia ou quimioterapia. Mas, por que alguém faz radioterapia ou quimioterapia? Para combater um câncer. Então, a taxa de juro alta é a radioterapia. Nós podemos entrar numa situação de câncer irreversível e, para evitar isso, o Banco Central aumenta a taxa de juros”, afirma.