Bolsonaro gastou mais de R$ 178 mil com hotéis em MT, sem nunca dormir no estado
Gilberto Leite | Estadão Mato Grosso
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou mais de R$ 264 mil no cartão corporativo da Presidência com as quatro viagens que fez a Mato Grosso durante seu mandato. Entre essas viagens, a mais cara foi a realizada em 18 de setembro de 2020, para lançar a safra de soja em Sorriso e Sinop, que custou um total de R$ 126,4 mil.
Durante a visita ao Nortão de Mato Grosso, o ex-presidente gastou um total de R$ 87 mil com diárias de hotéis, sem nunca ter dormido na cidade. Também constam gastos de R$ 35,8 mil com alimentação e R$ 3 mil com locação de imóveis. Porém, este último gasto parece ter sido lançado erroneamente, já que o CNPJ consultado é referente ao Hotel Imperial, em Sorriso.
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A maior despesa foi realizada no Ucayali Hotel, em Sinop, que recebeu um total de R$ 51,9 mil durante a visita do presidente. No site do hotel, a diária mais cara custa R$ 515 para a suíte master, enquanto os quartos executivos saem na faixa de R$ 350. Considerado a diária mais cara, o montante gasto seria suficiente para 100 diárias.
Outro hotel que consta na lista de gastos é o Vie Hotel, também em Sinop, que recebeu um total de R$ 24 mil. Por lá, o preço da diária em um quarto superior, com cama king size, é de R$ 360. Considerando esse valor, o montante seria suficiente para pagar 66 diárias.
O setor de hotelaria constitui o maior gasto das visitas do ex-presidente a Mato Grosso. Dos R$ 264 mil gastos no cartão corporativo, mais de R$ 178 mil são referentes a despesas com hospedagem. O restante dos gastos é, quase a totalidade, referente a despesas com alimentação.
Bolsonaro jamais pernoitou em Mato Grosso. Esses gastos podem ser explicados com o deslocamento da comitiva do presidente, para preparar questões de segurança e logística. Porém, é importante ressaltar que esses órgãos têm dotações orçamentárias específicas para isso e os servidores recebem diárias para custear suas despesas com alimentação e hospedagem durante o deslocamento.
COMPARATIVO
Os gastos com cartão corporativo foram colocados sob sigilo durante o governo Bolsonaro e só foram revelados após o fim de seu mandato. Segundo os dados divulgados pela agência Fiquem Sabendo, a Presidência gastou R$ 27,6 milhões durante o governo do ex-presidente.
Desta forma, ele não é o que fez mais despesas no cartão corporativo. Em seu primeiro mandato, Lula gastou R$ 22 milhões. Corrigido pelo IPCA, índice de inflação oficial, esse montante representa R$ 59,7 milhões. Os gastos do segundo mandato também somam R$ 22 milhões (R$ 47,9 milhões, na cotação atual). Já Dilma Rousseff gastou R$ 24,5 milhões (R$ 42,3 milhões na cotação atual).
Porém, ainda é cedo para dizer se Bolsonaro realmente foi o presidente que menos gastou. Isso porque o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou gastos de R$ 21 milhões com o cartão da presidência apenas nos dois primeiros anos de mandato de Bolsonaro.