Defesa diz que filho de Bezerra sofreu extorsão dentro da PCE
O advogado Francisco Faiad, que faz a defesa de Carlos Alberto Bezerra, preso por matar a servidora Thays Machado e o namorado dela, Willian César Moreno, afirmou que ele foi transferido para o Presídio da Mata Grande, em Rondonópolis, após ser alvo de extorsão e ameaça na Penitenciária Central do Estado (PCE).
Teve ameaças de colegas detentos. Houve extorsão de ou dava dinheiro ou podia acontecer alguma coisa
A transferência foi determinada pelo juiz Geraldo Fidélis, da 2ª Vara de Execuções Penal, no dia 27 de janeiro.
O acusado é filho do ex-deputado federal Carlos Bezerra e está preso desde o dia 18 de janeiro, quando foi encontrado em uma fazenda da família em Campo Verde, horas após cometer os assassinatos.
“Teve ameaças de colegas detentos. Houve extorsão do tipo: ‘Ou dá dinheiro ou vai acontecer alguma coisa’. Então, isso foi demonstrado e por isso saiu essa transferência”, disse Faiad.
Outro ponto motivador para pedir a transferência de Carlos Alberto, segundo o advogado, foi a falta de cela especial dentro da PCE para quem possui ensino superior.
“Lá em Rondonópolis tem o antigo CCC. Ele está em uma cela lá”, explicou.
Arrependido
Faiad ainda disse que o assassino demonstrou arrependimento pela morte da ex-namorada e de Willian César. Segundo ele, Carlos Alberto continua repetindo que cometeu o duplo homícidio após um momento de “descontrole emocional”.
“Muito [arrependido]. Falou, inclusive, no depoimento policial e fala todos os dias quando a gente se fala no presídio. Ele fala que estava alterado, foi um problema que ele ficou alterado, que nunca foi de violência, que é um homem calmo, tranquilo e que naquele dia se alterou”, afirmou.
O advogado explicou que foi notificado na última sexta-feira (3) para apresentar a defesa preliminar de Carlos Alberto. Ele tem um prazo de 10 dias. O empresário foi denunciado pelo Ministério Público por duplo homicídio qualificado.
“Ele foi citado sexta-feira [passada]. Então segunda-feira agora começou o prazo para defesa preliminar. Temos um prazo de dez dias para fazer essa defesa. Estamos estudando as provas que foram produzidas pela polícia para fazermos essa defesa preliminar. Essa defesa é para alegarmos alguma nulidade que tenha acontecido, pedir provas e relato de testemunhas. Então faremos isso dentro do prazo legal de dez dias”, completou.
Muito [arrependido]. Falou, inclusive, no depoimento policial e fala todos os dias
O crime
Thays Machado e seu namorado, Willian Moreno, foram mortos a tiros no dia 18 de janeiro em frente ao Edifício Solar Monet, no Bairro Alvorada, em Cuiabá.
Ele foram até o edifício, onde mora a mãe dela, para deixar um veículo na garagem.
Ao sair na portaria para aguardar a chegada de veículo de transporte por aplicativo, as vítimas foram surpreendidas pelo assassino, que conduzia um Renault Kwid, e passou a fazer os disparos contra o casal, que morreu ainda no local.
A perícia preliminar de criminalística da Politec constatou que Thays foi atingida por três disparos, sendo dois nas costas e um na altura do quadril.
Willian, mesmo atingido no braço esquerdo e no peito com três disparos, ainda tentou fugir do atirador, mas caiu na calçada, a poucos metros de Thays.
Conforme os primeiros levantamentos realizados pela equipe da DHPP, Thays e William estavam em um relacionamento, mas a mulher vinha sofrendo ameaças do ex-companheiro e suspeito do crime.
Ela teria comentado com familiares que estava sendo ameaçada de morte e ia registrar um boletim de ocorrência contra o agressor.
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