Eu gostava tanto de você!

Mazinho, um colega querido aqui do Grupo Agora, apresentador do matinal “Rock in Pop”, aqui da Jovem Pan, durante a participação que sempre faz ao final do “Jornal da Manhã”, que apresento, anunciou a playlist de hoje. Uma canção, em especial, chamou-me muito a atenção: “Gostava Tanto de Você”, interpretada por Tim Maia.

A letra da música em questão sempre me faz lembrar daqueles que já não são mais contados entre nós. Existe mesmo um boato de que seu autor, Edson Trindade, teria composto a música em homenagem a sua filha de 15 anos que morrera em um acidente de carro, o que não é possível já que ele tinha 16 anos ao escrevê-la e não era pai ainda. Pesquisadores afirmam que ela foi escrita para sua namorada, Mari, com quem acabou se casando, inclusive.

De qualquer modo, como disse, lembro-me daqueles que já se foram toda vez que ouço a música. E, quando o Mazinho a anunciou, já me lembrei do verso: “Não sei por que você se foi, quanta saudade eu senti, e de tristezas vou viver, aquele adeus não pude dar”. Mazinho não viu, mas meus olhos marejaram.

É que, hoje, mamãe, se viva estivesse, completaria 74 anos. Dona Zezé partiu em 2012, levando consigo um pedaço enorme do meu peito, em cujo lugar só um vácuo incessante e infinito existe. É a saudade: essa ânsia doida que a gente tem de rever a pessoa tão amada e que, no meu caso, não é possível por enquanto. Digo “por enquanto” porque, como cristão, creio no reencontro. O que fez a promessa é fiel.

Quando mamãe morreu, não acreditei que conseguiria ficar em pé outra vez. A imagem dela no esquife causou-me a dor mais pungente e lancinante que já senti. Queria morrer junto. Foi a Rô, minha esposa querida, e nora que tanto amava sua sogrinha, que me ajudou a suportar aquele momento e a me reerguer. Ela me lembrou de todas as vezes que estive ao lado da mamãe, embora houvesse em mim o sentimento de que eu era devedor para com ela.

A sensação de não ter mais para onde voltar é horrível e foi exatamente isso que senti no dia de sua morte. Na cerimônia de seu sepultamento, olhei para minhas filhas e percebi, então, que o papel de “porto seguro”, doravante, caberia a mim em relação a elas. Depois de um tempo, percebi que não estava em dívida para com minha mãezinha. É que filho não nos deve nada: a gente entrega tudo por eles. Assim fez minha mãe para comigo, derramando-se em graça, luz, vida e amor sobre a minha vida.

Mãe não podia morrer, eu sei, mas acontece. Por isso, caso tenha sua mãezinha viva, vá vê-la, mesmo que hoje não seja seu aniversário, nem dia das mães, nem sei lá o quê! Apesar de não ser uma data importante, o dia de hoje é mágico se você puder abraçar e dar um cheiro na “velhinha”. O que eu não daria para ter isso mais uma vez. Aproveite!

Agora MT