Somente em 2016, quase 500 pessoas morreram no trânsito em MT

RDNews

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontou dados alarmantes envolvendo Mato Grosso quando o assunto é trânsito. Os dados que foram captados de 2015 a 2016 mostram que o Estado apresenta a terceira maior taxa de homicídios culposos no trânsito (quando não há intenção de matar). Os números indicam que as mortes acidentais no trânsito tiveram aumento de 112%.

Conforme o Anuário, em 2015 foram 457 mortes sob o quesito homicídios culposos no trânsito. Já em 2016, subiu para 491 – o que representa aumento de 7,43%. Com 14 mortes a cada 100 mil habitantes, o Estado só fica atrás de Minas Gerais, Alagoas e Paraná. Vale destacar que nem todas as federações têm suas taxas disponíveis no anuário.
Os dados informados correspondem ao volume de ocorrências policiais registradas e não, necessariamente, indicam o número de vítimas envolvidas.

As mortes acidentais no trânsito – exceto homicídio culposo – apresentam aumento de 112%. Em 2015 foram 99 mortes, no ano passado 210. Isso significa que a cada 100 mil habitantes, três morreram em acidentes.

Goiás apresentou em 2015 cerca de 6.405 acidentes com mortes. Já no ano passado 2200. Uma queda considerável de 65%. Outro Estado que teve aumento foi o Piauí. Em 2015, foram 578, enquanto em 2016, 643 mortes. Tem uma taxa de 20 mortes para cada 100 mil habitantes. Lembrando que nem todos os estados têm suas taxas registradas no anuário.

Mato Grosso

Para o titular da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran), Christian Alessandro Cabral, o aumento de acidentes de trânsito no Estado está correlacionado ao mau planejamento das vias urbanas. Isto porque, anualmente, a frota de veículos em Mato Grosso sofre um incremento considerável. Hoje, aproximadamente, de 400 mil veículos. Assim, paralelamente, ao contrário da frota que cresce, as vias não registram crescimento similar. Muitas vezes, as ruas sofrem até diminuição para serem usadas como canteiro de obras, como é o caso de Cuiabá e Várzea Grande, para as obras do VLT.

“Às vezes, as vias sofrem estreitamento em virtude de remanejamento de fluxo como é o caso das linhas de ônibus ou as vias têm substinação. Então, aumenta o número de veículos circulando e as vias não têm o mesmo incremento, então, é mais carros circulando num espaço menor e isso tende a ocasionar mais acidentes”, opina o delegado.

Nesse aspecto, reforça que o Estado não tem uma política de planejamento urbano eficaz do uso do solo, para que as pessoas tenham deslocamentos menores e que a cidade cresça em ritmo adequado e preparada, com estacionamentos adequados, com pontos de paradas adequados para embarque e desembarque de quem precisa utilizar coletivos.

“Na maioria das vias, os coletivos para fazer o embarque e desembarque fazem em cima da faixa de rolamento, estrangulando o tráfico e ainda expondo a risco de acidentes, tanto entre os veículo quanto entre esses passageiros no momento de desembarque e embarque”, comenta.

Por outro lado, Christian informa que Mato Grosso tem melhorado as vias em termo de permitir maior velocidade. “Aí a gente entra nas rodovias, por exemplos, as BRs, que sofreram duplicações. Você acha que vai diminuir os acidentes, mas não diminui porque os motoristas imprimem velocidades maiores. E as velocidades maiores ocasionam acidentes mais graves, com aumento de lesões gravíssimas e óbitos”, destaca.

Segundo a secretaria estadual de Segurança Pública (Sesp), de janeiro a setembro de 2016 foram 530. Este ano, houve uma queda. No mesmo período foram registrados 502, o que representa uma diminuição de 5,28%.

“Para um trânsito seguro, nós temos que ter antes da fiscalização, uma engenharia de tráfico altamente eficaz e uma educação contínua e trabalhada para que os condutores tenham a consciência da necessidade de conduzir os seus veículos, observando as normas”, completa.

O delegado ainda elogia o Código de Trânsito Brasileiro, criado há duas décadas e que serve de modelo para outros países. “Com duas décadas de existência, mas com muitos condutores que até hoje ignoram o que diz esse código. Se fosse observado o que diz o código, hoje nós teríamos um trânsito seguro”, pensa.

Segundo Christian, um exemplo são os países de primeiro mundo, onde cada vez menos existe a atividade de fiscalização, utilização de blitz e radares. Em MT, é o contrário, a cada ano vai aumentando o número de radares e operações.

Nessa linha, o delegado ressalta que existe um problema muito sério com estatísticas, porque desde o ano passado a Politec não está realizando o exame de alcoolemia nas pessoas que morreram em decorrência acidente de trânsito, devido a deficiência dos equipamentos da instituição.

“Essa estatística que vai ser gerada agora, que no final do ano vai alimentar o anuário, ela vai vir deturpada porque ela vai usar quase nada de embriaguez, mas não porque as pessoas não beberam porque os exames não foram feitos”, conclui.