Bolsonaro contrata advogado que defendeu Brennand
Paulo Amador da Cunha Bueno é um dos advogados do presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias trazidas ilegalmente da Arábia Saudita. O mesmo defensor já representou na Justiça o empresário Thiago Brennand, investigado por agressão e crimes sexuais.
A nova defesa informou que o ex-presidente vai devolver ao TCU (Tribunal de Contas da União) um segundo estojo com joias dado pelo governo da Arábia Saudita e que Bolsonaro está à disposição da PF para prestar depoimento.
O pacote foi trazido de forma ilegal ao país. A equipe de advogados também pede que as peças fiquem sob a guarda da Corte até que seja decidido pelo tribunal qual será o destino final -o acervo privado ou patrimônio da União.
No total, seis advogados assinaram petição enviada ontem à Polícia Federal de São Paulo, que apura o caso, e ao próprio TCU. Além de Bueno, constam no documento os nomes de quatro advogados vinculados ao escritório DBTesser, especializado em direito aduaneiro e tributário.
Bueno defendeu Thiago Brennand em agosto do ano passado, quando o empresário foi flagrado por câmeras de segurança agredindo uma modelo em uma academia de luxo de um shopping em São Paulo.
“Tudo não passa de mais um ataque de feministas e mulheres querendo a melhor das vitrines”, dizia nota enviada pelo advogado ao Fantástico, da TV Globo, quando as agressões cometidas por Brennand vieram à tona.
Bueno também atua na defesa de Marta Aparecida Gomes da Silva, apontada como chefe do esquema de exploração sexual que envolvia o Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia.
O caso foi revelado pelo UOL. Em seu site, o advogado se apresenta como especialista em crimes econômicos e outras modalidades de delitos. Segundo texto publicado na página, sua família atua na advocacia desde o século 19.
O conjunto de peças citado na petição abrange abotoaduras, um relógio e um anel, de acordo com informações divulgadas na imprensa. Essas peças não foram apreendidas pela Receita quando a comitiva chegou ao país e estão com o ex-presidente.
Foi outro conjunto de joias, avaliado em R$ 16,5 milhões, que ficou retido no Aeroporto de Guarulhos em outubro de 2021 e deu notoriedade ao caso. Esse conjunto é composto de um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes.
No documento enviado à PF e ao TCU, a defesa de Bolsonaro ainda pede acesso ao inquérito das joias, conduzido pela PF. Os advogados sustentam, ainda, que Bolsonaro jamais teve intenção de ficar com as joias. O UOL procurou os escritórios citados, mas não conseguiu contato com os advogados.