PF traça estratégia para evitar tumulto no desembarque de Bolsonaro
A Polícia Federal, em acordo com lideranças do Partido Liberal, decidiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro não saíra pelo saguão tradicional do Aeroporto Internacional de Brasília ao retornar ao Brasil, nesta quinta-feira (30).
A decisão, segundo o superintendente da PF no Distrito Federal, Cezar de Souza, foi tomada para evitar aglomeração de pessoas no aeroporto e um possível impacto no embarque e desembarque de passageiros.
“[Bolsonaro] Não sairá pelo saguão normal. Isso iria causar prejuízo à sociedade. Tanto o partido quanto outras pessoas estão conscientes disso e, com bom senso, aceitaram essa posição da PF”, disse Souza.
“[A decisão] Vem com força de lei. Nós temos prerrogativas legais, como Polícia Judiciária. Não é um ato ilegal, autoritário, mas está previsto na legislação”, completou.
O principal receio das autoridades da Segurança Pública do DF é com o impacto que uma possível aglomeração no aeroporto possa causar na malha aérea de todo o país.
Segundo a Inframérica, que administra o terminal, estão previstas 137 operações de decolagem e aterrissagem do início da manhã até as 10h.
“[Quinta-feira] É o dia mais agitado no aeroporto, e a PF tem a prerrogativa para fazer outras saídas que não sejam o desembarque tradicional. Tentar desincentivar a ida [de apoiadores de Bolsonaro] ao aeroporto é muito importante”, disse Juan Djedjeian, vice-presidente da Inframerica.
As informações foram repassadas em entrevista coletiva nesta quarta-feira (29). A Secretaria de Segurança Pública do DF coordena as ações.
Segundo o secretário de Segurança do DF, Sandro Avelar, a Polícia Militar fará a escolta do ex-presidente do aeroporto até a sede do PL, na área central de Brasília. No local, Bolsonaro deve se encontrar com dirigentes e parlamentares do partido.
“A gente vai garantir a segurança do ex-presidente no deslocamento, mas fazendo escolta no modelo segurança e não naquele modelo da escolta de dignitário, que permite flexibilidade maior”, disse.
Avelar explica que, neste modelo de escola, o ex-presidente não será autorizado a descer do carro na via ou prejudicar o trânsito para acenar a apoiadores. “Isso não pode acontecer. Temos que trabalhar com o menor prejuízo possível ao andamento da nossa cidade”, completou.
O superintendente da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no DF, Igor Ramos, afirmou que a corporação tem monitorando a mobilização de apoiadores de Bolsonaro para viajar a Brasília, em ônibus, para acompanhar a volta do ex-presidente. Ele não informou, porém, o tamanho das caravanas monitoradas.
Na esteira dos ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro, o plano fechado pelas forças de segurança prevê um possível fechamento da Esplanada dos Ministérios, a partir da meia-noite de quinta, a depender da movimentação no local. A expectativa das autoridades, no entanto, é não alterar o fluxo no local.
Um monitoramento semelhante será feito nas proximidades do Aeroporto de Brasília. O acesso ao local poderá ser restrito caso se formem aglomerações de pessoas no saguão ou caso haja movimentação de motociclistas, para reeditar as motociatas realizadas pelo ex-presidente.
“O que estamos buscando é, principalmente, preservar a rotina normal do Aeroporto Internacional de Brasília. É o segundo maior do Brasil em termos de movimentos de pessoas. Ao todo, 40 mil pessoas trafegam por lá por dia. Falo de passageiros, familiares, tripulação. É uma instalação muito sensível. Qualquer problema que tivermos lá interfere em toda a malha aérea brasileira”, explicou Cezar de Souza, da PF.