O apoio de Emanuel mais vai atrapalhar que ajudar em 2024
O deputado estadual Diego Guimarães (Republicanos) admitiu sua intenção de ser candidato à Prefeitura de Cuiabá em 2024. Ao analisar o cenário no próximo ano, o parlamentar afirmou que o político que receber o apoio do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) estará em maus lençóis na disputa.
“Creio que o apoio de Emanuel mais vai atrapalhar que ajudar em 2024. Tanto que o PT não quer apoio dele, o União Brasil não quer, o Botelho, que já foi aliado do prefeito, hoje se distanciou… Não sei se alguém vai querer o apoio dele em 2024″, afirmou.
Diego, que já foi vereador da Capital, revelou seu desejo de ajudar os cuiabanos e recuperar o orgulho de viver na cidade, que, segundo ele, foi abandonada por Emanuel.
“Aceitei esse desafio para construir uma pré-candidatura, já estou fazendo vários diálogos e deixei claro que nosso desejo é fazer uma caminhada coletiva”, disse.
Ao longo da entrevista, o deputado também falou sobre seu mandato na Assembleia, avaliou o começo do Governo Lula (PT) e também comentou sobre seus possíveis adversários em 2024, os deputados federais Abílio Brunini (PL) e Fábio Garcia e o deputado estadual Eduardo Botelho, ambos do União Brasil.
Confira os principais trechos:
MidiaNews – Sobre as eleições municipais de 2024, saiu recentemente uma notícia informando que o senhor teria interesse em se candidatar à Prefeitura de Cuiabá. Existe mesmo esse projeto?
Diego Guimarães – Sim. Nós tivemos uma reunião recentemente no Republicanos em que o nosso líder, Otaviano Pivetta, nos fez esse convite e indagou sobre essa possibilidade. Falei para ele com muita tranquilidade que estou disposto, me sinto extremamente preparado, conheço os problemas de Cuiabá. Entendo que dentro desse grupo político que estamos compondo há nomes preparados para buscar as soluções que Cuiabá tanto precisa.
Tenho certeza que uma boa parcela que votou no Emanuel hoje se sente arrependida por não ter acreditado em outro projeto
Ouvir as pessoas também é muito importante para essa construção. Vejo muitas pessoas que são candidatas de si mesmas, eu não sou assim, nenhuma das candidaturas que disputei até agora foi assim, por puro desejo meu.
Lógico que a vontade e o aceite para disputar uma eleição tem que partir do candidato, mas a candidatura não pode ser dele simplesmente. Tem que ter pessoas envolvidas, tem que ter grupo, ideias e pessoas preparadas. Até porque na eleição há muitos braços participando e depois, vencendo a disputa, terão muito mais para poder exercer a gestão.
Especialmente quando olhamos para a situação hoje que Cuiabá está vivendo, de completo abandono. Então, aceitei esse desafio para construir uma pré-candidatura, já estou fazendo vários diálogos e deixei claro que nosso desejo é fazer uma caminhada coletiva, especialmente com o grupo que construímos em 2020 junto com o deputado federal, Abílio Júnior, e Felipe Wellaton, que é do meu partido. Ouvindo também e buscando outros partidos que possam ser alinhados a nós nessa construção.
MidiaNews – De quais fatores depende este projeto?
Diego Guimarães – Principalmente da vontade do povo, ouvir as pessoas, estar nas ruas. Também tem muito chão até lá, muitos candidatos que hoje estão colocando seu nome, certamente daqui até as convenções podem recuar.
Uma coisa que garanto é que, uma pré-candidatura do Diego Guimarães não é definida e nem retirada entre quatro paredes com meia dúzia de políticos. Ela passa a ser definida com a construção ouvindo a sociedade, ouvindo as pessoas que acreditam que Cuiabá precisa de alguém que tenha um olhar especial pela cidade e por quem aqui vive.
Cuiabá não pode ser olhada simplesmente como uma capital que tem 300 mil eleitores, tem que ser olhada como uma cidade que lidera o Estado.
MidiaNews – Se o senhor não se candidatar a prefeito de Cuiabá, existe a possibilidade de compor como vice do deputado Abílio?
Diego Guimarães – Não. Dificilmente irei disputar a eleição como candidato a vice-prefeito. Não é nosso desejo, nossa intenção é viabilizar uma candidatura a prefeito da Capital.
MidiaNews – E o que o senhor acha do deputado Abílio? É um bom nome para o cargo?
Diego Guimarães – O Abílio é um dos políticos que tem uma vontade muito grande de ver Cuiabá se levantar do momento que ela vive. Isso porque estivemos juntos durante quatro anos na Câmara e tudo que acontece hoje vimos ser denunciado naquela época. Nós sabíamos que Cuiabá estava sendo levada para um caminho que não era o melhor, que era o caminho da corrupção, do abandono, do apadrinhamento político e tudo isso trouxe esse cenário caótico.
Vejo no Abílio boas intenções de quem quer ver Cuiabá voltar para os eixos e hoje, como deputado federal, depois da sua votação expressiva em Cuiabá e por já ter disputado a eleição em 2020, é um dos nomes credenciados. O partido dele quer ele como candidato a prefeito, tenho certeza que caso a gente venha disputar junto será com muito respeito e que um poderá fortalecer o projeto do outro com questionamentos inteligentes e soluções eficientes.
MidiaNews – No segundo turno da disputa à Prefeitura de 2020, Abílio perdeu para o atual prefeito, Emanuel Pinheiro. Acredita que isso aconteceu por quê?
Diego Guimarães – O Abílio reconhece algumas falhas dele até por inexperiência política naquele momento e algumas falhas na condução da campanha. No entanto, acredito que a derrota se motivou muito mais pelo abuso do poder econômico do Emanuel, por abuso do poder político por parte dele, por utilização de cargos e fake news.
Então, essa derrota, sim, houve os fatores dos equívocos, erros, inclusive do isolamento político, mas acredito que o que mais contribuiu foi a irresponsabilidade política eleitoral, financeira e de gestão do Emanuel Pinheiro, que foi para o tudo ou nada. Gastou milhões de reais para combater o grupo que até então ele menosprezava, mas que tinha ao seu lado a população.
Eu não sei nem se o mandato do Lula chega ao fim, porque ele voltou naquele jogo de barganha com o Congresso Nacional
Cuiabá que perdeu nessa eleição. Não foi o Abílio, o Wellaton ou o Diego, tenho certeza que uma boa parcela que votou no Emanuel hoje se sente arrependida por não ter acreditado em outro projeto.
MidiaNews – Além do senhor e do Abílio, questiona-se muito sobre quem vai ser o candidato do governador Mauro Mendes. Existem dois nomes fortes, que são do deputado estadual Eduardo Botelho e do deputado federal Fábio Garcia. Como avalia esses nomes? Tem preferência por algum?
Diego Guimarães – Sobre ser o candidato do governador, acredito que há um grande risco do Mendes não ter um candidato fixo em 2024. O Abílio é um aliado político do governador, eu sou, assim como Fábio Garcia, o Botelho, então acho que o governador pode até ficar isento nessa disputa de 2024.
Agora, entre Fábio e Botelho eu fico com Diego Guimarães.
MidiaNews – Como acha que o prefeito Emanuel Pinheiro vai chegar nesse período eleitoral?
Diego Guimarães – Não sei se ele vai ter tempo de participar de uma disputa eleitoral, ajudar alguém, em 2024. Ele não está tendo tempo para fazer nem sua gestão, parece que Cuiabá está sem prefeito, porque ele se preocupa mais em estar em Brasília tentando resolver seus problemas jurídicos.
É tanto problema que se ele não está tendo tempo para a gestão, acho que não vai ter tempo de fazer política. Vai chegar lá na frente com a cabeça onde? Acredito que ele deveria focar em cuidar dos seus processos, tentar organizar sua vida para sair da política entregando uma cidade minimamente redonda.
Agora, creio que o apoio de Emanuel mais vai atrapalhar que ajudar em 2024. Tanto que o PT não quer apoio dele, o União Brasil não quer, o Botelho já foi aliado do prefeito, mas hoje se distanciou, não sei se alguém vai querer o apoio dele em 2024.
No entanto, sim, se ele vier apoiar alguém, é um peso. A gente reconhece que ele tem sua importância no cenário político e pode influenciar a eleição.
MidiaNews – Acredita que ele está isolado politicamente?
Diego Guimarães – Completamente. Você não vê ele em Cuiabá. Acho que o Emanuel está morando com o Emanuelzinho em Brasília para resolver os problemas dele, mais parece isso.
Politicamente, ele está no isolamento. Você vê o Progressista abandonando ele, o PT não está com ele, o que resta para ele? O seu secretariado e uma parte do PV junto com o Stopa, no mais ele está completamente abandonado.
Agora, entre Fábio e Botelho eu fico com Diego Guimarães
MidiaNews – Faltando cerca de um ano e meio para o fim do mandato do prefeito, como avalia a gestão?
Diego Guimarães – Não me surpreende o caos instalado em Cuiabá. O rombo na Prefeitura é muito maior do que a gente imagina. Essa gestão dele está sendo muito pior do que a primeira, porque no primeiro mandato ele ainda se esforçou para conseguir a reeleição, mas parece que agora não temos prefeito, a grande realidade é essa.
Fico muito triste, porque Cuiabá perde muito tempo com Emanuel Pinheiro e vai demorar muito tempo para se recuperar.
MidiaNews – Ano passado, o prefeito lançou a primeira-dama, Márcia Pinheiro, para tentar derrotar o governador Mauro Mendes. No entanto, ela acabou perdendo. Acredita que isso enfraqueceu o Emanuel?
Diego Guimarães – A eleição da Márcia Pinheiro foi mais uma estratégia para ajudar a eleger o Emanuelzinho. Ele lançou a candidatura a governador para ter toda a estrutura de uma candidatura majoritária para apoiar o filho.
A realidade foi essa. Ele não estava preocupado com os resultados das urnas, estava preocupado em eleger o Emanuelzinho e foi o que ele fez.
MidiaNews – O governador Mauro Mendes ajeitou as contas do Estado, lançou diversas obras e deixou um saldo positivo no primeiro mandato. Como avalia essa segunda gestão dele?
Diego Guimarães – Avalio como muito boa a Gestão Mauro Mendes, mas acredito que pode melhorar muito. Ainda tem muitas lacunas que precisam ser preenchidas. Como Mato Grosso cresce muito rápido, as necessidades também são urgentes e os problemas do passado acabam refletindo hoje.
Quando você olha na atenção às pessoas, acredito que um dos principais problemas em Mato Grosso é a Saúde. Colocar para funcionar esses seis hospitais que estão sendo construídos, o Hospital Central aqui em Cuiabá, a gestão da intervenção da Saúde faria com que o Governo Mendes trouxesse sim um resultado maior no ganho de qualidade de vida do mato-grossense.
Avalio como muito boa a Gestão Mauro Mendes, mas acredito que pode melhorar muito. Ainda tem muitas lacunas que precisam ser preenchidas
Não dá mais para a gente conviver com a ambulância-terapia, que é colocar o paciente lá de Confresa e trazer aqui para Capital. A regionalização da Saúde acredito que possa ser uma grande legado deixado por essa segunda gestão do Mauro Mendes. Tem muito para fazer ainda. Acredito que ele avançou muito nos números, nas contas públicas, mas acho que tem muitos gargalos na prestação de serviço que podem avançar nesse segundo mandato.
MidiaNews – Como acha que Mendes vai chegar em 2026?
Diego Guimarães – Acredito que chega bem se mantiver essa linha de trabalho. Mauro Mendes não tem uma linha de trabalho dos políticos tradicionais, que fazem política, mas não tem entrega. Ele faz entregas e faz política.
Essa inversão da ordem natural da política antiga traz uma credibilidade muito grande para a gestão dele e acredito que o papel do Otaviano Pivetta como vice-governador garante ao Governo ainda mais condições de chegarem ao fim do mandato bem politicamente.
MidiaNews – Em relação ao presidente Lula, como avalia esses primeiros meses de mandato? Acredita que está sendo melhor que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro?
Diego Guimarães – Pelo contrário. Vejo que o Lula traz a contramão daquilo que hoje vemos no Estado de Mato Grosso, que é trabalhar, trabalhar e fazer política. Eu percebo que o Governo Lula só faz política e quando dá tempo resolve trabalhar. Essa briga de polarização que eles alimentam no âmbito nacional só traz prejuízo ao Brasil. Não foca no resultado.
Também tem medidas que ele está tomando de maneira um tanto quanto irresponsável, tentando manter um populismo exacerbado, pode trazer em um curto e médio espaço de tempo um problema muito grande para o Brasil. O que ele precisava fazer era a reforma administrativa, manter o plano de expansão e de concessões feitas e não voltar a centralizar coisas na mão do Estado, como vem acontecendo.
As rodovias federais estão sucateadas e precisavam de grandes investimentos e isso poderia vir da iniciativa privada, mas o Governo Federal, pelo contrário, está alocando muito recurso no Ministério da Infraestrutura para fazer operação de rodovias que não resolverão o problema do Brasil em curto espaço de tempo, nem no médio.
Além disso, essa briga que ele alimenta de esquerda e direita ao invés de virar a página e focar na gestão tende a trazer ainda mais problemas para o Brasil.
MidiaNews – No fim do mandato, acredita que o Brasil vai estar em qual situação, economicamente falando?
Diego Guimarães – Eu não sei nem se o mandato do Lula chega ao fim, porque ele voltou naquele jogo de barganha com o Congresso Nacional de liberação de emendas para poder manter uma base política, autorizando que determinados partidos mandassem em ministérios. Nesse sentido, Bolsonaro foi muito firme ao não permitir que ministérios fossem norteados para partidos políticos e agora isso volta a acontecer.
É uma relação muito perigosa que existe entre o Executivo e o Legislativo e com a base política. De forma que qualquer instabilidade que tenha, o Executivo pode resultar em uma cassação. Então, o Lula está armando uma situação em que ele mesmo pode cair em um futuro próximo.
Então, acredito que o Brasil chegue no final desses quatro anos em uma situação muito difícil. O próximo presidente vai precisar ter esse olhar de gestor, de futuro, para cuidar muito do mandato e menos da politicagem, olhando mais para os resultados. Assim como fazemos em Mato Grosso.
MidiaNews – Acredita que isso poderia dar margem para Bolsonaro voltar a ser presidente em 2026?
Diego Guimarães – Olha, acredito que esse estica e puxa pode acontecer mesmo. No momento que um está fraco o outro está forte, mas também vejo outros grandes nomes no Brasil. Eu cito o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, que é do meu partido e acho que é um grande nome.
Ele é um político de direita, tem grande foco e preparo para fazer gestão, tem demonstrado sua capacidade. Agrega os votos da direita e também daqueles que são eleitores da esquerda, por ter uma visão mais gestora e moderada com relação ao extremismo de esquerda e direita.
MidiaNews – Ainda sobre Bolsonaro, saiu recentemente na Folha de São Paulo que ele estaria se articulando para sair como candidato ao Senado aqui em Mato Grosso. Acredita que isso possa acontecer?
Diego Guimarães – O Bolsonaro tem muito eleitor em Mato Grosso e ser senador daqui ou de São Paulo, o peso é o mesmo. Logicamente que ele tem total liberdade para mudar seu domicilio eleitoral, mas acredito que isso não aconteça.
Até porque com o capital eleitoral que tem, a tendência é que ele busque uma disputa em um Estado com maior densidade eleitoral, como Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia…
Agora, se ele falar: ‘Vou disputar uma eleição em Mato Grosso’, acredito muito que uma das vagas será dele.