Da sonegação milionária ao salmão estragado, criminosos tinham “certeza da impunidade”

Há pelo menos cinco anos, criminosos estruturaram uma organização criminosa para fraudar o sistema de arrecadação do Estado de Mato Grosso por meio da comercialização de salmão e outros pescados aos principais restaurantes orientais de Cuiabá e Várzea Grande. Nesse período, a organização sonegou ao menos R$ 20 milhões dos R$ 120 milhões que movimentou. Além do prejuízo aos cofres públicos, os criminosos ainda comercializaram produtos impróprios para o consumo humano, entre eles, salmão estragado. Os crimes estiveram sob investigação da Polícia Civil pelo último um ano e meio e foram interrompidos nesta sexta-feira, 30 de junho, com a deflagração da Operação Salmonidae.

Durante entrevista concedida à imprensa mato-grossense, na Sede das Promotorias da Capital, representantes da Polícia Civil, da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz) e do Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) declararam que a quadrilha operava “na certeza da impunidade”.

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A base do esquema, conforme revelado pela investigação, consistia no uso de quatro empresas laranjas para adquirir o produto em São Paulo, onde o Imposto sobre o Comércio de Mercadorias e Serviços (ICMS) é menor que o de Mato Grosso.

Esse produto era então encaminhado à empresa real, líder de todo o esquema e que gerava crédito tributário a ela. Além disso, o valor de compra era aumentado em até cinco vezes para ampliar a margem de lucro.

Até o momento, não há informações se os fornecedores da empresa – situados no estado de São Paulo – sabiam do esquema, pois toda a compra tinha ar de legalidade.

Além disso, também não há confirmação se os restaurantes de Cuiabá sabiam dos negócios escusos do seu grande fornecedor. No entanto, existe uma linha de investigação que irá apurar até onde o esquema da quadrilha era conhecido, pois os produtos podem ter sido vendidos com preços menores do que estava apontado na nota fiscal.

Dos alvos

Até o fim da coletiva, dos 15 alvos procurados pela Polícia, 12 já haviam sido presos. Um deles estava em Várzea Grande e era dono de um dos escritórios de contabilidade que fazia parte do esquema de corrupção milionário.

Outro preso notável estava no município de Curvelândia (280 km de Cuiabá), onde foi preso pela Polícia.

Um casal também está envolvido e funcionários das respectivas empresas alvos também faziam parte do esquema. Durante a coletiva, os responsáveis foram enfáticos em explicar que essas pessoas não eram apenas colaboradoras da empresa investigada, mas cúmplices do crime.

A investigação também apontou que um dos alvos falsificou seu documento, mantendo o mesmo nome, mas alterando o CPF. Isso possibilitou a ele transferir bens para si mesmo, mas com documentação diferente.

Conforme as investigações, todos os membros possuíam passagens por furto, roubo e tráfico de drogas.

Não há informações, até o momento, que os liguem com alguma facção criminosa do estado.

Todas as empresas envolvidas no esquema foram fechadas por tempo indeterminado.

Estadão Mato Grosso