Brasileiro chega à Torre Eiffel com Uno que visitou 20 países

Após rodar 60 mil quilômetros durante tours pela América do Sul, Estados Unidos e Europa a bordo de um Fiat Uno transformado em motorhome, o brasileiro Luiz Torelli viralizou novamente nas redes sociais ao chegar a um dos mais conhecidos cartões postais do mundo: a Torre Eiffel.

O morador de Nova Odessa, no interior de São Paulo, também chegou a 20 países visitados com seu companheiro motorizado, batizado como Sandrão, e seu objetivo atual é chegar até a fábrica matriz da Fiat, na Itália. Ainda neste ano, ele também planeja lançar um livro sobre a viagem até os Estados Unidos.

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A ideia de viajar o mundo nasceu como uma forma de enfrentar uma depressão, após a perda de sua avó, e depois de sobreviver a uma cirurgia de risco.

Em território europeu, já foram percorridos Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda e o destino atual é o Reino Unido. Mas o início dessa nova jornada, em junho, foi atravessado por burocracias e gastos inesperados.

Luiz foi do Brasil a Portugal de avião e enviou Sandrão de barco, mas teve dificuldades para retirar o Uno no porto de Lisboa devido à necessidade de trâmites alfandegários.

Para retirá-lo, Luiz precisou gastar 3.200 euros e esperou quase um mês. “Chorei várias vezes. Chegou um momento em que eu pensei em desistir, em voltar para o Brasil”, revela.

Após o mês “perdido” com a burocracia, Luiz corre contra o tempo para cumprir seu objetivo, já que tem um período de três meses de visto. “Eu tô na correria aqui pra dar tempo de fazer o máximo possível. Vou ter que pedir uma extensão de visto para ficar um período a mais”, conta.

Já entre os momentos mais prazerosos da nova tour, Luiz destaca Madri, na Espanha. “Achei muito legal. O povo espanhol é muito bacana, conheci muitos brasileiros em Madri. A cidade é muito bonita, e uma época muito de calor agora, né?”, comenta.

E foi o próprio calor que fez com que ele desviasse sua rota para evitar desconfortos. “Eu ia pra Itália de Madri, mas acabei mudando a rota e indo pra cima, porque tava muito calor lá pra baixo. Estava batendo 40, 42 graus e pra gente que mora no carro fica muito difícil dormir”, explica.

Após passar pelo País Basco, foi a vez da França e a chegada até Paris.

“Quando eu cheguei na cidade dava pra ver a torre de longe, o Rio Sena. Eu fui margeando o Rio Sena e a hora que eu cheguei ali eu gritei mesmo e eu não acreditava que estava ali com o meu carrinho que eu andava na minha cidade. Não tem mais fronteiras pra mim, né? É aquela coisa de que nada mesmo é impossível na nossa vida […] Eu acreditei, não desisti”.

Ele conta que se lembrou dos desafios que venceu na vida ao chegar no local e que foi muito difícil chegar até lá.

“Já passei por dez cirurgias, nasci com lábio leporino, já passei muito sofrimento na minha vida. Já sofri demais e agora acho que Deus está olhando e está me recompensando por tudo que eu já passei”, reflete.

A chegada ao Reino Unido tambem foi mais um desafio para Luiz, que diz que precisou passar por vistorias, trâmites burocráticos e novas esperas, mas diz já estar se acostumando com essas situações e até brinca.

“No registro geral de viajantes do mundo, o cara puxa lá e fala: ‘tem que interrogar esse cara aí’. E aí eu já estou meio que me adaptando. Quando eu sei que o país é rico, vai muito turista, eu sei que eles vão me perguntar um monte de coisa”.

Lançamento de livro
O livro com a trajetória da primeira tour de Luiz tem lançamento planejado entre final de setembro e começo de outubro.

“Eu conto todas as histórias que aconteceu durante o trajeto da minha cidade até chegar lá em Nova York. Toda a América Latina que eu passei, América do Norte. E sobre a minha vida, eu tô contando tudo desde quando eu nasci, todos os problemas que eu passei, dificuldades”, detalha.

A obra está quase pronta, mas ainda não tem um título, conta o novaodessense. “Vou contar toda a saga dos Estados Unidos, só não da Europa ainda. Vai ficar com um próximo”, adianta.

Tours anteriores
A trajetória internacional de Luiz e Sandrão começou em 3 de março de 2022. Na tour pelas américas, eles percorreram países como Paraguai, México, Peru, Colômbia e Bolívia.

Nos Estados Unidos, a jornada incluiu Chicago, Boston, Filadélfia, Washington, Miami, Orlando, San Diego, Los Angeles, São Francisco e Las Vegas. Entre os cartões postais, o Grand Canyon, que Luiz conheceu sob neve e um frio de -7ºC, a Golden Gate e a região do Big Sur, trecho da estrada Highway 1, na costa da Califórnia.

Lá, realizou sonhos que alimentava há anos, como conhecer a Times Square, em Nova York, e a casa onde viveu Elvis Presley, em Memphis, no Tennessee. Já no encerramento da viagem em território estadunidense, antes de se organizar para voltar, decidiu fazer referência a um clássico do cinema.

“Eu queria chegar no Monument Valley, que é um lugar onde o Forrest Gump encerra o filme, que ele fala ‘vou voltar [para casa]’. E ali eu fiz até uma homenagem ao Jessy e Shurastey, porque eles passaram por ali também. Dali eu decidi encerrar e voltei sentido Texas”.

Jesse Koz e seu cão Shurastey rodavam o mundo em um fusca e morreram em um acidente, em maio de 2022. A história deles inspirou Luiz, que mantinha contato pela internet com Jesse e iria conhecê-lo pessoalmente no ano passado, mas não houve tempo hábil.

Inspiração para outras pessoas
Antes de sair do país, Luiz contava com 19 mil seguidores em sua página @um.a.uno, que mantém no Instagram. Hoje, já são mais de 470 mil. Atualmente, ele já consegue viver somente do projeto, por meio de publicidade e venda de merchandising, mas diz que o mais importante e que “não tem dinheiro que pague” é a influência positiva que tem gerado em outras pessoas.

“Recebo muita mensagem de pessoas que se viram inspiradas pela gente a mudar e transformar suas vidas. […] Eu fiz esse projeto para curar uma depressão que eu tinha, pela perda da minha avó, que foi a mãe que me criou. E tem gente que também está em depressão e vê os vídeos e se inspira. Faz um pouquinho do dia da pessoa melhor”.

Entre os relatos, estão os de pessoas que se inspiraram tanto que compraram carros do mesmo modelo.

“Às vezes eu recebo foto: ‘olha, por sua causa comprei um Uno. Eu e minha família estamos indo viajar. Obrigado por inspiurar a gente’. Muito desses relatos também. E acho que o que mais me impacta é de você tirar o cara de uma condição de tristeza e melhorar a vida do cara, melhorar o dia da pessoa. Gente com borderline que vê os vídeos e se sente calmo. Isso não tem dinheiro que pague. Eu fico muito feliz”.

Estadão Mato Grosso