Isso é Diamantino hoje: a terra da palhaçada, reclama vereador
O presidente da Câmara de Diamantino, vereador Arnildo Neto (Podemos), fez duras críticas aos parlamentares que votaram contra o afastamento e a abertura de um processo de cassação do mandato do prefeito Manoel Loureiro Neto (MDB).
Ele é alvo do Ministério Público Estadual (MPE) por suspeita de corrupção, já que as investigações revelaram o prefeito num esquema de propina com um empresário. Neto teve o sigilo bancário quebrado pelo Tribunal de Justiça e sofreu busca e apreensão.
Se o Gaeco descer aqui, pode até montar alojamento. Aquela cara de palhaço hoje pode ser colocada na chegada da cidade.
Nesta segunda-feira (21), os vereadores negaram, por 7 votos contra 2, afastar o prefeito (veja abaixo como votou cada um). O resultado fez a denúncia ser arquivada.
“A Câmara se omite, não tem outro texto. Se o Gaeco [Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado] descer aqui, pode até montar alojamento. Aquela cara de palhaço, hoje, pode ser colocada na chegada da cidade. Quando subir para Diamantino, tem que passar por dentro da boca do palhaço. Isso é Diamantino hoje: a terra da palhaçada”, afirmou o presidente ao MidiaNews.
Arnildo admitiu que já esperava essa derrota na Câmara, mas revelou que contava pelo menos com o voto do vereador Diocélio Antunes (PDT). Segundo ele, o colega sempre demonstrou ter uma postura correta, porém no final acabou apoiando o prefeito.
“Tinha dúvida se seria 7 a 2 ou 6 a 3. Acreditava em um dos vereadores, o Diocélio, que é de direita, bolsonarista, que prega moral e bom costume, é quase um pastor, mas ontem [segunda-feira] ele se mostrou um dos mais corruptos de todos”, disse.
A população está revoltada, indignada, mas Diamantino é uma cidade pacífica. Eles não vêm aqui [na Câmara] não
O presidente ainda afirmou que a maioria dos vereadores já não queria assinar nem mesmo o recebimento da representação, outro indício de que o grupo já estava decidido por não seguir adiante com a investigação que poderia cassar Manoel.
“O parecer jurídico da Câmara foi pela aceitação, mas mesmo assim os vereadores acharam melhor arquivar”, afirmou.
“População indignada”
Com uma população de quase 22 mil habitantes, o presidente da Câmara afirmou que os diamantinenses estão sentindo a derrota no plenário.
“A população está revoltada, indignada, mas Diamantino é uma cidade pacífica. Eles não vêm aqui [na Câmara] não. Mas se fosse uma cidade com um pouco mais de sangue nos olhos, eles teriam vindo ontem”, disse.
O vereador Edimilson Freitas (PSDB), que também votou a favor da denúncia contra o prefeito, comentou sobre o sentimento na cidade e admitiu que hoje o clima é de velório. Ele contou que os próprios eleitores de Manoel estão arrependidos.
“É uma situação de velório, porque toda a população tem acesso a isso. É uma cidade pequena, todo mundo se conhece, então as pessoas estão muito tristes, indignadas. […] Isso reflete muito mal”, afirmou.
Veja como votaram os vereadores:
Contra
Adriano Soares Correa (PSB)
- Alfredo Matheus Keller (PSD)
- Diocelio Antunes Pruciano (PDT)
- Eraldes Catarino de Campos (MDB)
- José Carlos David (PDT)
- Michele Cristina Carrasco Mauriz (União Brasil)
- Ranielli Patrick Arruda Lima (PDT)
A favor
- Edimilson Freitas Almeida (PSDB)
- Arnildo Gerhardt Neto (Podemos)
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