Mortes por homofobia dobram em Mato Grosso
Gazeta Digital
Os crimes motivados por homofobia têm aumentado em Mato Grosso a exemplo de várias outras cidades do País. Balanço divulgado pelo Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH), que faz parte da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), mostra que foram 14 homicídios no Estado motivados por homofobia no em 2017. O aumento representa 100% na comparação com 2015. No compativo com 2016, a diferença é menor, ficando em 50%.
Do total de crimes contabilizados, 7 autores foram identificados e presos pelas Polícias Militar e Civil, o que corresponde a metade dos suspeitos por homicídios contra integrantes do grupo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT’s).
Em 2011, foram registrados 9 assassinatos por motivação homofóbica, no ano seguinte foram 8, em 2013 subiu para 11, enquanto o ano de 2014 fechou com 10 casos. Já em 2015 foram 7 casos.
Em Mato Grosso, desde 2009, os boletins de ocorrências registrados contam com a motivação de homofobia. Em 2010 foi incluído o campo para nome social de travestis e transexuais e em 2016 passou a conter a orientação sexual.
O secretário do GECCH, major PM Ricardo Bueno, ressalta que esses campos colaboram com a investigação policial. Porém, avaliou que apesar dos dados de mortes e agressões serem registrados com frequência em em Mato Grosso, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) não tem condições de fazer uma análise com as pessoas que foram agredidas. Justifica que a maioria delas não registra o boletim de ocorrência por medo, retaliação ou até mesmo por aceitar que seus direitos sejam violados.
Mas, o aumento nos casos pode estar relacionado a vários motivos, como por exemplo, o maior acesso a informação dos direitos garantidos aos LGBT’s.
Crimes
Entre os 7 suspeitos de assassinar pessoas LGBT’s está Thiago Marques, 28. Ele foi acusado de matar atropelada a travesti Natália Pimentel, 22, e teve a prisão decretada pela Justiça. Thiago chegou a ser preso em outubro de 2017, no bairro Osmar Cabral, em Cuiabá, mas estava respondendo pelo crime em liberdade. O acusado morreu por causas naturais ano passado.
As mortes por homofobia vêm aumentando em todo país. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), referência de fonte de pesquisa, 2017 foi o ano com maior número de assassinatos cometidos contra pessoas homossexuais desde o início do levantamento, há 37 anos.
Conforme o representante da Associação LGBTs e Conselho Municipal de Atenção a Diversidade Sexual de Mato Grosso, Clóvis Arantes, ao menos 10% da população cuiabana se declaram como membros da sigla. Outro preferem não comentar a situação por medo de sofrer preconceito principalmente no mercado de trabalho. Mas, em sua avaliação o Estado continua sendo o mais violento porque não tem políticas públicas em favor dos integrantes.
“Não queremos políticas de assistencialismo e sim programas de inclusão. Imagina uma pessoa homossexual que é pobre e negro. Certamente ela é três vezes discrimanda. Precisamos mudar essa realidade que mata e não estamos tendo apoio nessa situação”, desabafou.
Atuação
Com o boletim de ocorrência devidamente preenchido, o GECCH pode atuar de forma integrada e sistêmica, materializando os índices de criminalidade referentes à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
“Com a descrição da formatação do boletim de ocorrência, nosso Estado acabou se tornando uma referência nacional. Tudo porque priorizamos também o direito, respeito e dignidades às vítimas. Neste ano, vamos pensar em novas ações para que possamos analisar melhor o perfil das vítimas para que possíveis novos crimes sejam evitados”, finalizou.