Deputado desaparece em MT e não depõe; dono de “empresa fantasma” remarca oitiva
Do Folhamax
Um dos proprietários da Santos Treinamento, empresa supostamete “fantasma” criada para lavagem de dinheiro dos recursos desviados do Detran de Mato Grosso investigados na “Operação Bereré”, o advogado Antônio Eduardo da Costa e Silva, pediu uma nova data para ser ouvido em audiência no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). A oitiva dele seria realizada na manhã desta terça-feira (3).
O novo dia para realização do ato ainda não foi definido pelo órgão. Já o deputado estadual Baiano Filho (PSDB), que também deveria prestar depoimento na manhã desta terça-feira, não foi localizado para receber a intimação.
Agentes do órgão estiveram, por várias vezes, na Assembleia Legislativa e em sua residência, mas não o localizaram. O órgão disse que só vai se posicionar sobre as providências a serem tomadas após o final das oitivas.
Na tarde desta terça-feira, estão previstos os depoimentos de Silvio César Corrêa, ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (sem partido), além do também deputado estadual Romoaldo Júnior (MDB). Romoaldo é alvo da investigação autorizada pelo desembargador José Zuquim Nogueira.
DEPUTADOS INVESTIGADOS
O Gaeco conduz nesta segunda fase da investigação um outro inquérito da “Operação Bereré”, que tem cinco deputados como investigados. Além de Baiano Filho e de Romoaldo Junior, são alvos os deputados Ondanir Bortolini “Nininho” (PSD), Wilson Santos (PSDB) e José Domingos Fraga Filho (PSD).
Ontem, “Nininho” foi ouvido. Ele disse ter sido “vítima” do caso por ter recebido uma transferência de R$ 1 mil do ex-chefe de gabinete, Tschales Franciel Tschá, que havia recebido um cheque da Santos Treinamentos.
Segundo o parlamentar, Tschales havia contraído um empréstimo junto a uma factoring. “Eu não sei de onde vinha o dinheiro. Trata-se de um fato que ocorreu com mais de 200 pessoas que foram vítimas da circulação desses recursos da investigação. Eu fui vítima de ter passado R$ 1 mil pela minha conta e agora eu vou esclarecer”, explicou Nininho antes do depoimento.
De acordo com investigações do Gaeco, e da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administação Pública (Defaz-MT), uma quadrilha lavava dinheiro e desviava recursos públicos por meio de empresas que prestam serviços ao Detran-MT. O bando agia desde 2009 e teria desviado em torno de R$ 1 milhão por mês.
Os principais alvos da operação são os deputados estaduais Eduardo Botelho e Mauro Savi, ambos do PSB, além do ex-deputado federal Pedro Henry. As investigações tem como base os depoimentos de colaboração premiada do ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Lopes, o “Doia”, além do empresário Rafael Yamada Torres, outro delator do esquema.
Segundo as investigações, a Santos Treinamento e Capacitação é uma empresa fantasma que já teve entre seus sócios o presidente da AL-MT, Eduardo Botelho (PSB). A organização recebia recursos desviados da FDL Serviço de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos, que realiza junto ao Detran-MT o registro de financiamentos de veículos em alienação fiduciária.
Um dia depois da deflagração da operação, em 20 de fevereiro, Eduardo Botelho admitiu que conhecia a fraude e se disse “arrependido” de não ter deixado o quadro societário assim que soube do esquema, em 2011.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), José Zuquim Nogueira, determinou no dia 16 de fevereiro de 2018 o sequestro de R$27.722.877,38 de 17 pessoas, entre físicas e jurídicas, envolvidas no esquema de lavagem e desvio de dinheiro no Detran de Mato Grosso. De acordo com o despacho do magistrado, o recurso era “desviado” do órgão para “retirar-lhe a sujeira que cobre a sua origem”. Entre as pessoas atingidas pela medida estão os deputados estaduais Eduardo Botelho, Mauro Savi, o ex-deputado federal Pedro Henry, além de sócios e lobistas que participaram do esquema.
No último dia 21 de março, José Zuquim Nogueira autorizou a investigação contra outros cinco deputados estaduais – Romoaldo Júnior (MDB), Zé Domingos Fraga (PSD), Wilson Santos (PSDB), Baiano Filho (PSDB) e Ondanir Bortolini, o “Nininho” (PSD).