20/05/2024 -

Magistrada tentou ganhar tempo com golpistas para bloquear Pix

A desembargadora Maria Helena Póvoas relatou à Polícia Civil que tão logo se deu conta de que havia caído em um golpe ela continuou conversando com os criminosos para ganhar tempo e tentar reaver os cerca de R$ 45 mil que perdera.

E que ele precisava que eu antecipasse esse dinheiro, já que eu sabia que ele tinha esse dinheiro em conta

O caso ocorreu no dia 7 de maio, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp. Até o momento, dois homens e uma mulher foram presos em Várzea Grande por envolvimento no crime. Eles eram os destinatários das contas bancárias que receberam o dinheiro.

“[…] Ele [meu filho], de fato, saiu de casa para comprar um automóvel, e parece-me que essas pessoas estavam bem informadas. Porque ele me relatou, o meliante, que ele não estava falando comigo porque teve que comprar um aparelho às pressas para poder fazer o Pix ao gerente da agência de automóvel, e que esse aparelho estava com defeito”, contou.

“E que ele precisava que eu antecipasse esse dinheiro, já que eu sabia que ele tinha esse dinheiro em conta, e ele repassaria isso imediatamente a mim. Eu repassei, no início, R$ 22 mil, que foi o que ele pediu. No período da tarde, segundo ele, precisaria de mais R$ 2 mil para dar consecução aos documentos”.

“Eu não me recordo bem o fato para qual a destinação desses outros R$ 2 ou R$ 3 mil, porque estava eu no Tribunal de Justiça, atendendo pessoas, e fiquei realmente desviada da minha atenção. O que foi motivo bastante para que esses meliantes pudessem se aproveitar dessa situação minha de descuido”.

Após as duas transferências, a magistrada relatou que, no dia seguinte, recebeu outro pedido dos golpistas, que ainda utilizavam a identidade de seu filho, para que transferisse mais R$ 20 mil. A justificativa, segundo a desembargadora, foi de que a primeira remessa não teria sido transferida.

“Hoje ele tornou a ligar, e disse que não deu certo, que o gerente estava à sua procura, sob pena de desfazer o negócio do automóvel, e que eu precisaria mandar mais R$ 20 mil. O que eu também, descuidadamente, acabei enviando e logo que enviei eu me toquei que era golpe”.

“E quando eu me toquei que era o golpe, tentei ainda ficar conversando com este meliante, como se estivesse ainda acreditando na sua versão dos fatos, e pedi a um assessor que telefonasse ao gerente de banco, para ver se conseguia ainda bloquear esses valores”, concluiu.

A delegada titular da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos) de Várzea Grande, Elaine Fernandes de Souza, afirmou que os presos integram uma associação criminosa constituída por no mínimo oito integrantes e que fizeram diversas vítimas nas últimas semanas.

Assista ao vídeo divulgado pelo site Olhar Direto: