Servidor da Câmara de Cuiabá movimentou R$ 24 mi em 2 anos

A quebra de sigilo bancário identificou que o servidor da Câmara de Vereadores de Cuiabá e promotor de eventos Rodrigo Leal, preso na Operação Ragnatela nesta quarta-feira (5), movimentou mais de R$ 24 milhões em sua conta pessoal entre os anos de 2021 e 2022.

Um fluxo paralelo com a finalidade de driblar os órgãos de controle financeiro

 

A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro de uma facção criminosa através da compra de casas noturnas e realização de shows, em Cuiabá. 

 

Leal é apontado pela investigação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/MT) como o responsável pela contabilidade do esquema, além de ser o elo entre a facção e os agentes públicos investigados, que auxiliavam na realização dos shows sem as documentações necessárias.

 

De acordo com a investigação, a movimentação chama atenção pelo fato de Leal ter declarado à Receita Federal possuir um rendimento muito inferior.

 

Em 2021, ele declarou uma renda anual de R$ 92 mil. Na época ele era coordenador de cerimonial da Câmara com salário bruto de R$ 5 mil. Ele foi exonerado do cargo nesta quarta.

 

Além das movimentações na conta pessoal, a investicação identificou que Leal figura como proprietário da Strick Pub, uma das casas noturnas adquirida pelo bando, que girou R$ 17 milhões entre 2021 e 2022.

 

Ele também aparece como sócio na empresa W.G.D De Moraes Ltda, apontada como fantasma pela investigação, e que movimentou R$ 6 milhões entre 2020, 2021 e 2022.

 

“Não se deve olvidar que, muito embora expressivas as movimentações bancárias, logrou-se verificar que parte dos valores distribuídos entre eles é repassada através de transações em espécie, sem passagem bancária, a indicar, portanto, um fluxo paralelo com a finalidade de driblar os órgãos de controle financeiro”, diz trecho da investigação.

 

Ragnatela

 

A operação cumpriu oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão em Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais.

 

As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.

 

A investigação identificou os suspeitos participavam da gestão de casas noturnas na Capital. Com uso dessa estrutura, o grupo passou a realizar shows de cantores nacionalmente conhecidos, que teriam sido custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoteres de eventos.

 

As investigações apuraram que os acusados repassavam ordens para a não contratação de artistas de estados com influência de outras organizações criminosas, sob pena de represálias deliberadas pela facção criminosa.

 

 



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