Mulher de 27 anos que fazia amarração amorosa é apontada como mentora de homicídio

 

Suyany Breschak, a mulher que se apresenta como cigana e apontada como mentora do “crime do brigadeirão”, cobrava até R$ 18 mil por “amarrações amorosas”.

A jovem de 27 anos foi presa no dia 29 de maio em Cabo Frio, na Região dos Lagos do RJ. Em um 1º depoimento, Suyany declarou à polícia trabalhar “com umbanda, linha branca, sem provocar mal a ninguém”.

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Nas redes sociais, Suyany tem quase 700 mil seguidores, entre perfis abertos e fechados. Nas contas públicas, ela diz se chamar Esmeralda, “cigana legítima de berço” e “especialista em união amorosa”.

Em vídeos, Suyany ensina simpatias, faz previsões e aparece comprando itens para os “rituaizinhos”. Uma das postagens foi feita em uma loja de artigos de Umbanda de Niterói, onde obtém “mais descontos”.

Quem a chamava pelo WhatsApp recebia uma mensagem automática — cheia de erros de pontuação — com a descrição de seus serviços.

“Amarração amorosa: traz a pessoa te amando e respeitando tendo olhos e prazer somente contigo na cama rastejando implorando pelo seu perdão se tiver com outra pessoa. Larga da pessoa toma ódio e nojo dessa outra pessoa.”

O texto também traz “dúvidas frequentes”.

“Ele estiver com outra pessoa? Ele larga dela toma ódio nojo dela. Ele vai ter olhos só pra mim? Sim, olhos e desejos só por você. Ele para de sair beber com amigos? Sim ele para, faz todas suas vontades e desejos para te agradar.”

“Todos os trabalhos são garantidos ou seu dinheiro de volta”, destacou a “Cigana Esmeralda”.

Valores

A mensagem prossegue com uma tabela de valores das “amarrações”.

Um enlace de 3 anos custa R$ 2.200. Uma união de 5 anos sai por R$ 4.800. Sete anos de amarração ficam por R$ 5.200, e para a “amarração amorosa definitiva” Suyany cobra R$ 18 mil.

“Resultados dentro de 21 dias”, avisa.

O interessado precisa enviar nome completo, a data de nascimento e uma foto da pessoa “a ser amarrada”.

Dívidas

À polícia, Suyany afirmou que tinha R$ 600 mil a receber de Júlia Cathermol — presa apontada como a assassina de Luiz Marcelo Ormond —, sua “cliente” há 12 anos.

Segundo a “cigana”, Júlia lhe pediu ajuda para reconquistar um ex-namorado da época. Ainda de acordo com Suyany, Júlia lhe revelou que fazia programas sexuais e passou a fazer “limpezas espirituais” a fim de que familiares, (ex) e namorados não descobrissem que era garota de programa.

Todos esses trabalhos geraram uma dívida, segundo Suyany, de R$ 600 mil, dos quais apenas R$ 200 mil teriam sido pagos.

Motivação financeira

O delegado Marcos Buss, da 25ª DP (Engenho Novo), afirma que a morte de Ormond foi motivada por dinheiro e que Suyany foi a mentora do crime.

“Podemos falar com bastante segurança que há elementos nos autos, muitos elementos indicativos, de que a Suyany seria a mandante e arquiteta desse plano criminoso”, afirmou o delegado.

“A Júlia tinha uma grande admiração, uma verdadeira veneração pela Suyany”, destacou Buss.

O delegado afirmou ainda que Suyany instruiu Júlia a comprar e a moer os 60 comprimidos de morfina para acrescentar no brigadeirão, que também tinha o ansiolítico Clonazepam. “A própria Suyany teria procurado informações sobre a aquisição de tal medicamento”, frisou Buss.

A defesa dela afirma que “em momento algum Suyane foi mandante do crime” e que “não existe nenhuma prova quanto a essas alegações”.

As investigações apontam que Júlia, após Ormond morrer com a overdose de morfina e calmante, pegou o carro do empresário, um Honda CRV, e dirigiu até Araruama, na Região dos Lagos. Lá, entregou o veículo a Suyany, a fim de abater mais uma parte da dívida.

Estadão MT