Justiça não encontra ex de Nadaf, suspeita de receber R$ 2 milhões
A Justiça de Mato Grosso enfrenta dificuldades para localizar a ex-mulher do ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, Narjara Bairros, ré em uma ação penal por suposto crime de lavagem de dinheiro.
Narjara é acusada pelo Ministério Público Estadual (MPE) de receber um total de R$ 2,1 milhões em suas contas bancárias entre 2010 e 2015.
O valor corresponde a mais de seis vezes a soma dos salários que ganhou no mesmo período como secretária executiva da Junta Comercial de Mato Grosso (Jucemat).
De acordo com o juiz João Filho de Almeida Portela, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, já houve cinco tentativas de citação de Narjara, todas sem sucesso.
Nesta semana, o magistrado determinou a citação dela por edital, em uma última tentativa de localizá-la.
Caso ela não se pronuncie em 15 dias, o processo e o curso do prazo prescricional será suspenso.
“Decorrido o prazo de presunção de conhecimento da citação e de apresentação da resposta sem providência pela denunciada e estando em lugar incerto e não sabido, tendo a acusada sido citada por edital e não comparecido para responder à acusação, tampouco ter constituído advogado, com fundamento no art. 366 do Código de Processo Penal, suspende-se o processo e o curso do prazo prescricional pelo tempo do prazo prescricional”, despachou o magistrado.
A ação
O recebimento dos valores foi descoberto durante as investigações da Operação Sodoma, que apurou um esquema liderado pelo ex-governador Silval Barbosa para a concessão fraudulenta de benefícios fiscais a empresas por meio do Prodeic, mediante pagamento de propina.
Nadaf foi preso na operação, depois fechou um acordo de delação premiada e atualmente cumpre pena em regime semiaberto.
Conforme o MPE, há indícios de que Narjara lavou parte do dinheiro entrando como sócia em um salão e adquirindo um casa no Condomínio Alphaville.
Cheques, depósitos, transferências…
As investigações da Operação Sodoma mostraram que Narjara Bairros recebeu diversos cheques das três empresas do delator do esquema, João Batista Rosa, totalizando R$ 41,5 mil.
Também transferiram um total de R$ 151,5 mil a ex-secretária as empresas Trimec Construções e Terraplanagem Ltda. e Trimec Equipamentos Ltda., de propriedade do empresário Wanderley Torres.
Outra empresa investigada na Sodoma, a NBC Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda., também transferiu um total de R$ 183,8 mil a Narjara Bairros.
A empresa está no nome de Nadaf e de seu filho e já teve como sócia Karla Cintra, que é ré da ação penal da Sodoma e apontada como “braço-direito” de Nadaf na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio), então presidida por ele.
A própria mãe da ex-servidora, Leda Cecília de Barros, fez diversas transferências em favor de Narjara Bairros, entre 2010 a 2015, que totalizaram R$ 145,5 mil.
Também foi listada uma transferência de R$ 66,5 mil, em agosto de 2015, da empresária Jeane Dhebora Garcia Oliveira, que atua no ramo de peças para veículos.
O próprio Nadaf repassou, entre 2012 e 2015, R$ 84,6 mil a Narjara, por meio de cheques, transferências e depósitos bancários.