Lula divide palanque com Juscelino após indiciamento pela PF
O presidente Lula (PT) fez um afago ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), disse que está feliz com seu auxiliar e que é preciso aguardar os desdobramentos do recente indiciamento pela Polícia Federal, repetindo que “todo mundo é inocente até que se prove o contrário”.
Lula visitou nesta sexta-feira (21) o Maranhão, estado do ministro, e permaneceu ao lado dele durante evento em São Luís para anunciar obras.
Antes da solenidade, o presidente concedeu entrevista à rádio Mirante News, na qual disse que Juscelino está “prestando um bom serviço no governo”.
“Tô feliz com o [André] Fufuca, com o Juscelino, com a Sonia [Guajajara]. Tem um problema de indiciamento do Juscelino. Mas eu tenho uma filosofia: todo cidadão é inocente até que se prove o contrário. Se o indiciamento ainda não foi concedido pela PGR nem pela Suprema Corte, eu tenho que aguardar”, afirmou Lula durante entrevista à rádio.
Na entrevista, o presidente disse ainda que tem “muito orgulho” das pessoas que convidou para o governo e que existe preconceito, às vezes, porque “fulano de tal é de um partido conservador”. Nesse instante, ele citou o maranhense Edison Lobão (MDB), que foi seu ministro das Minas e Energia nos anos 2000. “Era uma pessoa excepcional do meu governo. Um quadro político refinado.”
Durante a solenidade, Juscelino discursou enaltecendo o governo Lula e falou dos investimentos na área de infraestrutura em telecomunicações e inclusão digital. “Que Deus abençoe o governo do presidente Lula para continuar trabalhando cada vez mais pelo nosso país”, disse ele.
Também falou: “Quando eu cheguei, você me deu uma missão, que foi fazer a inclusão digital dos brasileiros que estavam fora do ambiente digital”.
O ministro agradeceu deputados e ministros e citou, especialmente, a atuação de Alexandre Padilha (PT), “que vem fazendo um grande trabalho na articulação política do governo”.
Lula, ao discursar, afirmou que Juscelino “vai trazer conectividade para o Brasil”.
Na semana passada, a PF concluiu que o ministro das Comunicações integra uma organização criminosa e cometeu o crime de corrupção passiva relacionado a desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro público da estatal federal Codevasf.
Juscelino foi indiciado sob suspeita dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.
Na ocasião, o ministro criticou a atuação da PF e disse que o indiciamento é uma “ação política e previsível”. “Trata-se de um inquérito que devassou a minha vida e dos meus familiares, sem encontrar nada. A investigação revira fatos antigos e que sequer são de minha responsabilidade enquanto parlamentar.”
As suspeitas envolvem irregularidades em obras executadas em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, irmã do ministro, e bancadas por emendas parlamentares indicadas pelo ministro de Lula no período em que ele atuava como deputado federal.
A União Brasil, partido da base aliada e terceira maior bancada na Câmara, defendeu publicamente o ministro, afirmando que ele não teve direito a defesa na investigação.
Mais cedo, em entrevista a uma rádio de Teresina, Lula afirmou que não vê necessidade de reforma ministerial agora, mas que o presidente tem poder para tirar um nome “quando quiser”.
“A hora que precisar, eu vou mudar as pessoas. Mas eu estou com o governo muito bom. Você não tem noção da ajuda que me dão esses meninos que foram governadores de estado que estão me ajudando no governo. Todos muito competentes”, disse ele.
Ele continuou: “Acho que as coisas estão indo bem. A gente está na época da colheita e precisamos de mais gente dentro do que fora. Estou muito tranquilo”.
Lula chegou ao Maranhão após cumprir uma agenda no Piauí, onde anunciou investimentos nas áreas portuária e de transformação digital.
Em Teresina, um protesto de professores, com faixas e carro de som, ocorreu em frente ao local onde acontecia o evento. Funcionários da Agespisa (Empresa de Águas e Esgotos do Piauí) também protestavam por melhores salários e contra a privatização da empresa de abastecimento de água no estado.
Na entrevista no Piauí, Lula minimizou a articulação frustrada no Congresso. “Nem sempre a informação que chega pelos meios de comunicação é o que acontece de verdade. Nós até hoje não perdemos um único projeto de interesse do governo no Congresso.”
Também disse: “O charme da democracia é que você é obrigado a aprender a conviver na adversidade. Então, você começa a compreender que um deputado não é obrigado a votar no projeto do governo. Quando o governo manda o projeto para o Congresso, o governo já sabe que ele passará pela discussão nos partidos, e que vai ter gente querendo fazer emenda, uns fazem emendas para melhorar, outros para piorar. No frigir dos ovos, sempre termina acontecendo um acordo”.
Durante seus compromissos, Lula voltou a fazer uma série de críticas ao governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL).
“Tivemos um presidente que não conversava com governador, não conversava com prefeito, que não conversava com dirigente sindical, que não conversava com reitor, que não gostava de negro, que não gostava de branco, que não gostava de nada, a não ser de permitir que 700 mil pessoas morressem por conta da Covid”, disse, ao discursar em São Luís.