Preso de MT é líder de grupo que aplicou golpes de R$ 2 milhões

Do G1 MT

Um casal morador cidade de Uruçuí, as primeiras vítimas da quadrilha que foi presa durante a Operação Call Center, contaram ao G1 como foram ludibriados pelos golpistas e levaram um prejuízo de R$ 23 mil na compra de um veículo.

A quadrilha é suspeita de enganar simultaneamente compradores e vendedores de produtos pela internet para receber os pagamentos em contas de laranjas. Os golpes foram aplicados no Piauí e outros nove estados. Vinte pessoas foram presas suspeitas de integrarem a quadrilha.

Ao todo, 20 pessoas foram presas durante a Operação Call Center, realizada pelas Polícias Civil do Piauí, Paraná e Mato Grosso. Durante a operação, os policiais descobriram que as ligações partiram de dentro de um presídio na cidade de Cuiabá, no Mato Grosso.

O preso no Estado, apontado como líder da quadrilha, é Marcelo Pedroso Barreto Junior, o “Marcelinho”. Ele cumpre pena por assassinato ocorrido em 2012 em Várzea Grande, além de outros crimes.

A quadrilha fez vítimas no Piauí e em outros dez estados brasileiros.

A dona de casa Aline Barbosa Cardoso, da cidade de Uruçuí, contou que publicou, no início de maio, em um site de compra e vendas, o interesse em comprar um veículo. “Uma pessoa encontrou em contato, pelo WhatsApp, dizendo ser um advogado e usando as fotos deste advogado”, disse. O advogado das fotos é um homem de Fortaleza, que não tem relação com o caso.

O suposto advogado dizia que iria receber um carro como pagamento por uma causa trabalhista, e pretendia vendê-lo por um valor abaixo do mercado. “Iniciamos a negociação, ele bastante falante e educado. Ele marcou para que fôssemos ver o carro, e dizia que o veículo não tinha valor para ele”, disse Aline.

“Ele conseguiu convencer o vendedor de que ele era nosso advogado, e nos convencer de que era o advogado do vendedor”, explicou a dona de casa.

Aline e o marido se encontraram com o verdadeiro dono do veículo e o avaliaram. No dia seguinte, o casal avisou que iria comprar o veículo pelo valor combinado. Sob orientação dos golpistas, o vendedor passou o veículo para o nome do marido de Aline, que transferiu o dinheiro para a conta do advogado – no caso, da quadrilha. Dias depois, o vendedor ligou para o casal cobrando o pagamento pelo veículo, que não havia recebido.

“Quando meu marido ligou para o suposto advogado de outro número, ele disse só ‘vocês caíram em um golpe’, e desligou”, contou Aline. O carro então voltou para o nome do antigo dono, e Aline e o marido ficaram sem R$ 23 mil. “Ficamos só 48 horas com o carro”.

“As pessoas dessa quadrilha eram especialistas, mas é um golpe que se generalizou em todo o país”, disse o delegado Matheus Zanatta, do Piauí, que coordenou a Operação Call Center.