Cabo Gerson pede para ser reinterrogado e diz ter mais revelações sobre grampos

RDNews

cabo da Polícia Militar Gerson Correia Junior, réu confesso no processo que investiga grampos ilegais no Estado, quer ser reinterrogado. Em audiência realizada na madrugada de 28 de julho, ele falou durante cinco horas ininterruptas sobre quase tudo que sabe do escândalo conhecido como “Grampolândia Pantaneira”. Esperou mais de 10 horas para depor e usa isso como argumento. Diz que após minuciosa análise percebeu que o “adiantado estado de fadiga” prejudicou alguns pontos que precisam ser melhor esclarecidos tanto para o Ministério Público Estadual (MPE), como ao juiz que conduz a ação e aos juízes coronéis, sob pena de cerceamento de defesa. Gerson quer falar mais.

A defesa dele, patrocinada pelos advogados Thiago de Abreu Ferreira e Neyman Augusto Monteiro, protocolou o pedido no último dia 3 e o juiz Murilo Moura Mesquita, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, ainda não decidiu se atenderá o pleito.

Gerson sustenta que o reinterrogatório é “imprescindível”, assim como julga ter sido sua confissão. Neste ponto, enaltece o fato de ter sido o “único que buscou a mostrar a verdade da Grampolândia Pantaneira”, invocando o princípio constitucional da “busca da verdade real”. O cabo também insiste em arrolar o governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques como testemunhas no processo.

Taques já havia sido arrolado, mas pediu para ser dispensado porque é investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre esses mesmos fatos e isso impede “que ele preste esclarecimentos na condição de testemunha”.

Quebra de sigilo de Paulo Taques

Na audiência do dia 28, Gerson disse ter se encontrado com Paulo Taques e o coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, em agosto ou setembro de 2014 (ano de eleição), no restaurante Reserva, localizado no km 6,5 da Rodovia Emanuel Pinheiro, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães. Na ocasião, teriam tratado sobre a estrutura, orçamentos e logística para implantação do sistema de interceptação telefônica.

Para comprovar que esse encontro realmente ocorreu, o cabo pede que seja expedido ofício à operadora Vivo para que apontem a localização dos telefones deles no período de 1º de agosto a 30 de setembro daquele ano, além de fornecer extrato das ligações e mensagens trocadas no mesmo período. “É presumível a ocorrência de contatos telefônicos entre algum dos corréus deste processo com a pessoa de Paulo César Zamar Taques (apontado por este acusado como financiador do sistema) na data do encontro”, justifica.