“Corpo inteiro queimou, só não a cabeça”, lamenta mãe de vítima

Rosicléia Magalhães da Silva, mãe da jovem de 18 anos que teve 90% do corpo queimado no último dia 9 de setembro, em Paranatinga, disse que teve dificuldade em reconhecer a filha no hospital, tamanha extensão do ferimento. Segundo Rosicléia, a jovem teve o corpo inteiro queimado, salvando somente partes da cabeça.

Eu não acho justo ele ser preso, condenado, passar só um ano, dois anos, e dizer que cumpriu [a pena]. Eu não acho justo

A Polícia Civil diz que o ex-namorado Djavanderson de Oliveira Araújo, de 20 anos, foi quem ateou fogo na jovem. 

“O corpo inteiro queimou, só não queimou a cabeça. Minha filha tinha um cabelo grande e por ter queimado, o hospital cortou. Ela está outra pessoa”, disse em entrevista à TVCA. A jovem permanece gravemente ferida, com 90% do corpo queimado, intubada e correndo risco de vida.

O crime aconteceu em Paranatinga (390 km de Cuiabá) no dia 9 de setembro, mas pela gravidade dos ferimentos, eles foram encaminhados ao HMC (Hospital Municipal de Cuiabá) em Cuiabá. Rosicléia viajou do Acre, onde mora, a Cuiabá, após ficar sabendo do fato.

“A mãe dele [do namorado da filha] me ligou dizendo que havia acontecido uma tragédia com os nossos filhos. Que ela estava internada em estado grave porque ele tinha colocado fogo na casa”, contou ela.

A Polícia diz que o crime foi cometido por Djavanderson, que não aceitava o fim do relacionamento. Ao atear fogo na ex, ele acabou se queimando e teve 50% do corpo queimado.

A mãe da vítima clamou por justiça. Ela não acha justo que ele cumpra uma pena pequena pelo crime brutal.

“Eu não acho justo ele ser preso, condenado, passar só um ano, dois anos, e dizer que cumpriu [a pena]. Eu não acho justo”, encerrou.

O delegado do caso afirmou que a Polícia teve certeza de que Djavanderson era o autor do crime após um frentista confirmar que ele comprou combustível no posto momentos antes de a ex se queimar.

“Nós ouvimos o frentista do posto, que reconheceu esse indivíduo como o comprador de R$ 13 de álcool. Ele se dirige até a residência, alicia sua ex-companheira até lá e no local ateia fogo em sua ex. E ao atear fogo nela, ele acabou se lesionando”, disse o delegado do caso, Gabriel Conrado de Souza.

O caso e as investigações

Na noite de 9 de setembro, os policiais de Paranatinga foram acionados sobre um incêndio em uma residência e foram informados de que um casal havia sido encaminhado para o hospital da cidade, sendo uma das vítimas uma jovem com 90% do corpo queimado.

Durante a apuração dos fatos, havia um confronto de versões em que familiares do suspeito relatavam que havia ocorrido uma tentativa de suicídio, em que a jovem tentou evitar a ação do companheiro e foi atingida.

Porém, a Polícia duvidou da versão em razão da gravidade das lesões da vítima. Colhidas novas informações, os investigadores concluíram que se tratava de uma tentativa de feminicídio, sendo relatado pela própria vítima que o seu ex-companheiro jogou álcool e posteriormente ateou fogo nela.

A Polícia Civil aprofundou nas investigações, conseguindo identificar o posto onde o rapaz comprou R$ 13 de combustível. Em seguida, conforme a Polícia Civil, ele teria inventado uma história para atrair a vítima até sua residência, ocasião em que ateou fogo no corpo da ex e também se feriu.

“O casal que se relacionou por três anos estava há três meses separado, porém ele não aceitava o fim do relacionamento. A mãe da vítima relatou que no dia dos fatos, a filha chegou a falar que se ela sumisse, o responsável seria o seu companheiro, já indicando o medo de que sua vida fosse tirada por ele”, disse o delegado.

Djavanderson teve o mandado de prisão preventiva cumprido no final da tarde de segunda (16), em investigação conduzida pela Delegacia de Paranatinga com apoio da Delegacia Especializada de Mulher de Cuiabá.

A ordem judicial foi cumprida no HMC, onde o criminoso está internado. Ao ser informado sobre a prisão, o suspeito não manifestou nenhum constrangimento ou arrependimento.