Vereador preso fez reunião com liderança de facção, diz Polícia

O vereador de Cuiabá Paulo Henrique (MDB), preso na manhã desta sexta-feira (20) na Operação Pubblicare, teria participado de reuniões com lideranças de uma facção criminosa no Estado.

 

Também se identificou chamada em grupo entre esse agente público [Paulo Henrique], integrantes e liderança da facção

A informação é do delegado da Polícia Federal Antônio Flávio Rocha Freire, supervisor da Ficco-MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado).

 

“Durante as investigações, percebeu-se que o agente público [o vereador Paulo Henrique] possui uma relação muito próxima com integrantes da facção criminosa investigada na Operação Ragnatela. Identificou-se reunião presencial entre ele e integrantes da facção, inclusive liderança da facção, presa no Rio de Janeiro enquanto desembarcava no Aeroporto, ainda dentro do avião, pela Polícia Federal”, disse o delegado.

 

A liderança à qual o delegado se refere é Joadir Alves Gonçalves, conhecido pelo apelido de “Jogador”. As investigações da Ficco-MT o apontam como o líder do esquema criminoso que promovia shows em casas noturnas de Cuiabá e utilizava os valores para lavar dinheiro do tráfico.

 

“Jogador” foi preso no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, quando voltava de Cuiabá, para onde veio em uma viagem de “negócios”. Em julho, o Ministério Público Estadual denunciou “Jogador” à Justiça, que acatou a denúncia e o manteve preso.

 

“Também se identificou chamada em grupo entre esse agente público [Paulo Henrique], integrantes e liderança da facção criminosa. Esse grupo de servidores tinha como estratégia receber essas propinas, esses benefícios financeiros indevidos, através de interpostas às pessoas, o que também foi motivo de medida cautelas no dia de hoje”, encerrou.

 

Assim como “Jogador”, Paulo Henrique já havia sido alvo da primeira fase da Ragnatela, deflagrada em junho deste ano, mas não chegou a ser indiciado pela Polícia e nem denunciado pelo Ministério Público Estadual. Desta vez, ele foi alvo de mandado de prisão preventiva, cumprida nesta sexta.

 

As investigações concluíram que pelo menos cinco empresas que seriam usadas exclusivamente como “instrumento” para a lavagem de dinheiro. Na época, 14 pessoas foram denunciadas pelo MPE.

 

A Operação Pubblicare, deflagrada nesta sexta (20), é um desdobramento da Ragnatela. Ela se centra no núcleo de uma organização criminosa, formada por servidores públicos, grupo que é acusado de auxiliar membros de uma facção na lavagem de dinheiro, por meio da realização de shows e eventos em casas noturnas cuiabanas.

 

Aos investigados são imputados os crimes de corrupção passiva/ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, juntamente com membros da facção indiciados durante a operação Ragnatela.

 

Defesa nega envolvimento

 

O advogado Ricardo Spinelli, que faz a defesa de Paulo Henrique, classificou como desnecessária a prisão do parlamentar, pois ele não oferece nenhum risco e não há nenhum fato novo da primeira fase até o momento. 

 

“A gente já repeliu como improcedente as acusações e continuamos com a mesma linha de pensamento. Não teve fato novo nenhum de lá pra cá, então é desmedida, desnecessária a prisão nesse estágio. O que aconteceu de lá pra cá? Qual é o risco de interferência do Paulo? Nos nossos entendimentos, nenhum”, disse.

 

Segundo Spinelli, ele se declara inocente. Agora, a defesa buscará revogar o pedido de prisão.

 

“A defesa inicialmente vai buscar a revogação da prisão, a liberdade do vereador Paulo para que ele possa responder as investigações na absoluta liberdade. Paulo não oferece nenhum risco para as autoridades, para o meio social, em nenhum momento interferiu em absolutamente nada, desde quando foi deflagrada a primeira fase da operação, das investigações, e ele se permanece com a mesma conduta: rígida e com absoluta legalidade”, encerrou.

 

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