Vereador recebeu R$ 1,2 mi na conta em 1 ano; R$ 408 mil em Pix
Um relatório de inteligência financeira elaborado por policiais da Operação Pubblicare concluiu que o vereador por Cuiabá Paulo Henrique (MDB), que foi preso por suspeita de envolvimento com uma facção criminosa, teve movimentação financeira incompatível com seus rendimentos.
Conforme o relatório, entre os dias 22 de junho de 2023 e 5 de junho deste ano, o vereador recebeu exatamente R$ 1.271.329,45 em sua conta no Branco do Brasil.
A maior parte veio em transferências via Pix (R$ 408.453.881), seguida por DOC/TED (R$ 227.695,39), ordem bancária (R$ 211.514.27), depósitos online (R$ 168.780) e salários (R$ 165.303,01).
“Sendo assim, os fortes indícios apresentados permitem a este julgador, ao menos por ora, vislumbrar que não há lastro de legalidade do montante e, ademais, se analisando em cotejo aos fartos elementos de informação que compõe a investigação, revelam ser de natureza espúria, consoante aponta a hipótese investigativa adotada pelos órgãos de persecução penal”, escreveu o juiz João Francisco Campos de Almeida, do Nipo (Núcleo de Inquéritos Policiais), que determinou a prisão do vereador.
A Operação Pubblicare investiga o uso de casas noturnas para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Os alvos são servidores que teriam atuado para beneficar o esquema.
Segundo a Polícia, ao todo a operação cumpriu 15 medidas cautelares, expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá. Além do mandado de prisão preventiva do vereador, houve ainda sete mandados de busca e apreensão, o sequestro de seis veículos e um imóvel e o bloqueio de contas bancárias.
A operação é realizada pela Ficco-MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), que reúne policiais estaduais e federais.
A Pubblicare decorre do desmembramento da Operação Ragnatela, deflagrada em junho, quando a Ficco-MT desarticulou um grupo criminoso que teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil.
A compra foi paga em espécie, com o lucro obtido com atividades ilícitas. A partir de então, os suspeitos passaram a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa e promoters.
Ragnatela
A Operação Ragnatela foi deflagrada no dia 5 de junho para cumprir mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias e afastamento de cargos públicos, para desarticular um núcleo de facção criminosa responsável pela lavagem de dinheiro em casas noturnas.