Precisamos recuperar o rio Coxipó

Rio decisivo na bacia do Cuiabá é o Coxipó, considerado de água potável pela Lei Provincial de 1873, artigo primeiro. Esta lei foi promulgada no governo do general Hermes Ernesto da Fonseca, quando Presidente da Província de Mato Grosso, onde se descobriu nas suas margens ouro em abundância, conforme o historiador Otávio Canavarros.

 

O rio Coxipó pertence à sub-bacia do rio Cuiabá, tendo como principal curso de água o próprio rio Coxipó. Sua bacia de cerca de 700 km quadrados localiza-se no centro-sul de Mato Grosso, ligando o planalto – Chapada dos Guimarães – a depressão – Cuiabá – cuiabana. Faz parte da bacia do Alto Paraguai e constitui-se em marco inicial da ocupação humana no Estado de Mato Grosso. Banha grande potencial turístico, ao longo da rodovia Cuiabá – Chapada dos Guimarães, servindo como opção de lazer à população que ali banha, pesca, e desenvolve outras atividades de recreio, mesmo hoje, suas águas não sendo propícias para tal, em função da poluição de suas águas.

 

Outrora, alimentou os frequentadores dos balneários Tabaris, Letícia, Sayonara e Santa Rosa, hoje balneários desaparecidos e transformados em canais oficiais dos esgotos domésticos da capital mato-grossense que desembocam no rio Cuiabá.

 

A história de sua invasão e integração à sociedade colonial começa com a descoberta de jazidas de ouro e a fundação do arraial de São Gonçalo Velho e depois o de Forquilha, entre 1717 e 1721. Esse rio também serviu como delimitador do rossio de Cuiabá, onde o ouvidor João Gonçalves Pereira, em 1739, fez a demarcação, que ficou sendo a seguinte: O rio Coxipó Mirim, desde a sua barra no rio Cuiabá, até a roça de Domingos Gonçalves, deste ponto, daqui até o Ribeirão de Frei Braz; por este ribeirão abaixo até a sua barra no rio Cuiabá; por este abaixo até a foz do Rio Coxipó Mirim.

 

Sua nascente fica na atual zona urbana do município de Chapada dos Guimarães, localizado a 62 km da capital mato-grossense, na Serra de Atimã, que remonta ao aldeamento fundado com o nome de Sant’Ana de Chapada em 1751. Distante 62 km da capital, pertencente à Bacia do Prata, destaca-se pelo turismo ecológico. Originou-se em 1751. Sua primeira denominação foi Sant`Ana da Chapada mais tarde alterado para Chapada de Cuiabá e, depois denominado Sant’Ana da Chapada de Guimarães. O Capitão General Luiz Pinto de Souza Coutinho acrescentou à denominação de Sant`Ana da Chapada o termo “de Guimarães”. Foi elevada à categoria de Freguesia em 1814, Distrito em 1875 e município de Chapada dos Guimarães em 15 de dezembro de 1953, por meio da Lei Estadual 701.

 

O Coxipó corta a área do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e incorpora pelos seus caminhos vários ribeirões e córregos, entre eles, o rio Mutuca, antes denominado de Butuca, rio de água potável de onde foi tentado, por várias vezes, trazer as suas águas para o abastecimento público da Vila e da cidade de Cuiabá, desde a segunda metade do século XVIII e, ao final, desemboca no rio Cuiabá. Outros afluentes são: Coxipó-Mirim, Bandeira, Buriti, Salgadeira, Véu das Noivas, Claro, Paciência, Mutuca, Mutuquinha, Invernada, Peixes, Brita, Acorizal, Padre Campos, Bufante, Ribeirão, Leal; e os córregos Grande, Pai Caetano, Piçarra, Uru bamba, Fundo, Três Barras, Madeira, São Feliz, Laje, Diretor, Porteira, Prata, Cai, Água Azul, Ouro Fino, Inácia, Moinho, Pirapora, Gumitá, Feliciana, Bambá, Cágados, Piçarrãozinho, Móia Cela, Barbado, Trompa, Lajeado, Coelho, Santo Antônio, Figueira, Cangalha, Trincheira, Maria da Cunha, Lavadeiras, Tijucal, Estivado, Arambinga, Bate Camisa, Feiticeiro e outros soterrados pelo tempo. O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães foi criado em 12 de abril de 1989 através do Decreto n. º 97.656/89, com o objetivo de proteger e preservar o ecossistema existente, bem como os seus recursos naturais e sítios arqueológicos.

 

O rio Coxipó tem 82 km de comprimento, com micro bacia de cerca de 700 km quadrados e localiza-se no centro-sul de Mato Grosso, ligando o planalto – Chapada dos Guimarães à Baixada Cuiabana – Cuiabá e contribui hoje para o abastecimento de água potável da cidade de Cuiabá com a estação de abastecimento de água denominada Coxipó do Ouro, com capacidade de 18 mil litros/horas com 345 metros de rede de água, beneficiando 2.400 habitantes, (2005).

 

Hoje esses rios estão ameaçados. Muitos deles recebem grande carga de esgotos domésticos, lixo, à exemplo da chácara onde foi instalada a boite chamada “Sayonara” localizada no bairro Boa Esperança, na capital. Um recanto de lazer e musicalidade. Belos tempos. Belas memórias. O rio ao fundo é uma podridão de esgotos. Todas as residências ali despejam o esgoto “in natura” no rio Coxipó que, por sua vez cai no rio Cuiabá e desagua no Pantanal Mato-grossense. As águas poluídas mataram as praias de Santo Antônio de Lever-MT, entre outras.

 

Torcemos para que os nossos governantes tomem providências e que os senhores vereadores cumpram o seu dever pois, hoje, muitos deixam a desejar para com o meio ambiente.

 

Neila Barreto é jornalista, historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.



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