Professor de taekwondo é acusado de estuprar aluna em Cuiabá
A Polícia Civil está investigando o professor de taekwondo Fernando Henrique Sena, de 36 anos, acusado de estuprar uma aluna de 14 anos na Associação Puma de Taekwondo, no Bairro CPA 1, em Cuiabá.
O boletim de ocorrência foi registrado na última terça-feira (1). Após o caso vir à tona, outras denúncias contra o professor chegaram à Polícia.
O caso está sob investigação na Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), que não divulgou detalhes da apuração por envolver vítimas menores de idade.
Em entrevista ao MidiaNews, a mãe de um dos atletas, que preferiu não se identificar, contou que o caso veio a público após a última viagem que Fernando fez com três atletas para uma competição em Salvador (BA).
“Estamos perplexos, não esperávamos isso dele”, afirmou a mãe. Ela contou que seu filho, de 15 anos, frequentava a academia de artes marciais há pelo menos quatro anos e que nunca havia suspeitado de abusos físicos e psicológicos.
O jovem passava até nove horas por dia na academia e era muito rigoroso com a alimentação. “Achávamos estranho ele não querer mais socializar com ninguém. Era casa, escola e academia”, disse.
“Se tinha festa em família, ele nunca queria ir. Era uma obsessão por não comer, porque tinha que se manter no peso, senão o professor brigava. Não tinha amizade com ninguém. Achávamos que ele era apenas disciplinado, víamos por esse lado”, completou.
A descoberta
Entre os dias 10 e 17 de setembro, Fernando viajou para uma competição em Salvador com três menores da academia, sendo dois meninos de 15 anos e uma menina de 11. Ao menos três vítimas teriam registrado boletins de ocorrência contra o professor.
Meu filho tomou seis Ices e mais um ou dois copos de whisky. Eles apagaram e não sabem se, depois que dormiram, o professor passou a mão neles ou não
“Como sempre achávamos que ele era uma pessoa correta, os pais davam autorização para ele andar com as crianças na cidade, se hospedar em hotéis e competir. Dessa vez, ele ofereceu bebida alcoólica às crianças”, relatou.
A mãe disse que seu filho fez uma chamada de vídeo durante a viagem, pedindo autorização para beber uma “Ice”. Ela negou o pedido e notou que o jovem olhava para alguém no cômodo. Quando os menores retornaram, disseram que tudo havia ocorrido normalmente.
Dias depois, a menina de 11 anos contou a uma amiga que havia sido abusada durante a viagem. A história chegou aos pais da vítima.
Um dos adolescentes confirmou que o professor dormiu no mesmo quarto que a menor todos os dias e que ofereceu bebidas alcoólicas aos menores antes de supostamente cometer o crime.
“Meu filho tomou seis Ices e mais um ou dois copos de uísque. Eles apagaram e não sabem se, depois que dormiram, o professor passou a mão neles ou não”, disse a mãe.
Ainda segundo o relato, Fernando teria tirado a roupa da menina e tocado suas partes íntimas, alegando que faria uma massagem. “Ele a beijou e cheirou seu corpo. A menina pediu ajuda, mas os meninos estavam bêbados e não conseguiram reagir”.
Uma semana antes de o caso vir à tona, um dos adolescentes pediu para sair da academia.
“Meu filho me disse: ‘Mãe, por favor, me tira dessa academia. Eu não quero mais ver o professor’. Eu não entendi por que ele não queria mais ir”, contou a mãe.
O jovem justificou que estava cansado da dieta e que não aguentava mais, pedindo para sair.
Outras denúncias
Além dos abusos sexuais, a mãe denunciou agressões físicas e psicológicas que descobriu a partir de conversas com outros pais em um grupo de WhatsApp.
No grupo, um dos alunos relatou que o professor tocava as partes íntimas dos meninos, alisava suas barrigas e “brincava de beijar o rosto”. Ele dizia que os alunos eram “como filhos” para ele.
“Descobrimos que ele humilhava muito as crianças. Não deixava beberem água, dizia que eram moles e os xingava, além de proibi-los de comer.”
“Meu filho já voltou duas vezes machucado, e eu não sabia que ele tinha desmaiado outras duas vezes por fraqueza. O professor não deixava meu filho beber água. Era só treino, treino, treino. Estamos assustados e com medo. Ele sabe onde moramos”, concluiu.
A reportagem tentou contato com a academia que, segundo relatos, está fechada desde a última terça-feira (1), quando o caso foi denunciado.