Pesquisas Eleitorais na OAB: Quem Compra, Quem Vende e Quem Engana

Quando começam as campanhas eleitorais, surge uma avalanche de pesquisas, que deveriam oferecer um retrato fiel do cenário político e ajudar a compreender as preferências do eleitorado. No entanto, para quem observa atentamente a corrida na OAB, a história se desenrola como uma comédia de erros – e as pesquisas, ironicamente, trazem “favoritos” que parecem mais fictícios do que reais.

É como se os institutos estivessem fazendo pesquisa com a mesma precisão de uma dessas leituras de futuro feitas por charlatões: um chute no escuro que se traduz mais em entretenimento do que em ciência.

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Depois das eleições para prefeito, ficou claro que muitas dessas “previsões” foram apenas um exercício de futurologia barata. Os erros foram tantos e tão convenientes que nos fazem questionar: será que ainda existe quem acredita nisso? Ou essas pesquisas serão apenas um “agrado” aos patrocinadores?

Nas eleições da OAB, o roteiro não é muito diferente: chapas nem foram montadas, debates não ocorreram, e, surpreendentemente, já temos “pesquisas” que proclamam a popularidade de uma gestão mais dedicada à promoção pessoal do que à entrega de resultados efetivos. Advogados, críticos e analíticos por natureza, enxergam de longe o truque por trás desses dados – que mal sustentariam uma tese de graduação. Forçar números e criar favoritismos fictícios é uma estratégia que subestima a inteligência dos advogados, acostumados em desmontar falácias.

Mas não se enganem: as pesquisas fakes também tem outro objetivo: servem para criar um falso “favorito”. Como disse a pesquisadora Noelle-Neumann, com a teoria da Espiral do Silêncio, essa manipulação cria uma vantagem ilusória, onde alguns eleitores acabam se alinhando ao “falso favorito”, não por convicção, mas por conveniência. E, convenhamos, enganar advogados com uma “espiral do silêncio” é, no mínimo, subestimar a inteligência da categoria.

Uma dica aos colegas: desconfiem das pesquisas que brotam como ervas daninhas. A atual gestão, que tanto investe em autopromoção, já deveria saber que advogados não caem nessa. Pesquisas têm utilidade, sim, mas desde que não sejam teatro para embalar uma narrativa vazia.

Fica a ironia: as pesquisas que erraram feio nas eleições para prefeito são as mesmas que agora, magicamente, tentam dar ar de favoritismo aos que menos têm propostas reais e mais têm propaganda vazia. Que a categoria continue a refletir criticamente. Afinal, manipulação via pesquisa é o truque mais velho do livro – e, no caso da OAB, uma cilada em que os advogados certamente não cairão.

 

*Rodolpho Vasconcellos é advogado há 20 anos e professor há mais de 15. É pós-graduado em Processo e Direito do Trabalho pela PUC/SP



Estadão MT