Estudante de medicina morta a facadas foi para o Paraguai por falta de segurança e oportunidades

Olhar Direto

O pai da estudante de medicina Erika de Lima Corte, 29 anos, assassinada a facadas na madrugada da última segunda-feira (20), na cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, Raniel Corte, disse em entrevista ao Olhar Direto que sua filha saiu do Estado por falta de oportunidades, segurança e educação. Um eletricista, apontado como principal suspeito do crime, foi denunciado pelo Ministério Público do país.

“Ela foi para lá porque não tem educação aqui. Adequamos ela com os recursos que a gente tem. Ela já era enfermeira. Foi para lá porque não tinha emprego no Brasil. Não teve segurança. As três coisas causaram a morte dela. Cadê o Estado nesta situação? O Estado está onde? Como já fui prefeito, convivi com isso, eu não consigo entender porque o Estado é tão negligente com os humanos. É lamentável”, disse ele, que é ex-prefeito de Pontal do Araguaia.

A jovem foi assassinada com 19 facadas. Questionado se ele acredita na culpa do suspeito, responde que “sim. Porque agora tem as evidências da roupa dele, que estava no momento. Das informações que me chegaram, [quando] pegaram ele, já estava com a roupa lavada, mas ficaram resíduos, sempre fica”, explicou.

Por conta da extrema violência cometida contra a vítima, os colegas da estudante fizeram uma manifestação no fim da tarde de quinta-feira (23), na fronteira entre os dois países.

“Os universitários estão se manifestando. Eles estavam muito preocupados no momento que eu estava lá. Eu conversei com 150 universitários, deixei minha questão de humanitária, onde o amor está acima de tudo, e as pessoas sendo atacadas desta forma, por um sujeito deste na rua”, completou.

O Ministério Público do Paraguai ofereceu denúncia à justiça do país contra Cristopher Andrés Romero Irala, de 27 anos, apontado como o responsável por assassinar Erika.

O homem, que é eletricista, foi encaminhado para oitiva no MP paraguaio, responsável por esta etapa da investigação, mas segundo o promotor Marco Antônio Vilhalba, permaneceu em silêncio. Em seguida foi levado ao fórum para prestar depoimento.

Agora, segundo ele, a sua principal luta é por justiça: “O que eu posso fazer é lutar para que a justiça seja feita e dar apoio para que os universitários se manifestem e a gente se una cada vez mais, para que o Estado tome providências”, finalizou.

O caso

A estudante de medicina Erika de Lima Corte, 29 anos, foi assassinada com 16 facadas, na madrugada do último dia 20, na cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Conforme as informações iniciais, a vítima foi encontrada em seu dormitório por uma colega, que acionou a polícia. A estudante tinha duas perfurações na altura do peito e uma no pescoço, onde também apresentava 16 pequenos furos, o que pode indicar que ela poderia ter sido torturada pelo criminoso.