Disputa entre ricos e emergentes vira trava para acordo no G20

Uma disputa entre países ricos e emergentes sobre financiamento climático virou o novo entrave nas negociações do G20.

 

Países europeus membros do grupo, este ano presidido pelo Brasil, têm pressionado para que grandes economias emergentes como Brasil, Índia, Turquia, além dos reinos árabes, também contribuam com recursos para os mecanismos que financiam ações em nações pobres para o enfrentamento das mudanças climáticas.

 

O tema também está sendo debatido na reunião global do clima da ONU, a COP29, que ocorre até 22 de novembro em Baku (Azerbaijão). De acordo com pessoas a par das negociações, a pressão dos europeus no G20 que reúne economias que respondem pela maior parte das emissões do globo— é para tentar enviar um sinal para as tratativas na COP.

 

O Brasil tem uma posição de se opor a essa pressão dos ricos, sob o argumento de que os países desenvolvidos são os maiores responsáveis históricos pelas emissões que causam o aquecimento global e que eles não cumpriram a meta de financiamento estabelecida no Acordo de Paris de 2015, de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) anuais.

 

A pressão europeia, capitaneada por França e Alemanha, ganhou um novo argumento com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

Nas palavras de um negociador, esses europeus estão com medo de ficar com a broxa na mão.

 

É esperado que o republicano retire os EUA novamente do Acordo de Paris e corte contribuições de seu país para esforços internacionais de mitigação climática.

 

No mês passado, durante um briefing sobre a COP29, o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador André Corrêa do Lago, disse que as nações emergentes têm posição fechada contra a ampliação do número de doadores.

 

“Os países desenvolvidos decidiram levar a discussão numa direção que os países em desenvolvimento não aceitam: dizer que nesta nova etapa o tema principal é aumentar a base de países doadores”, afirmou Corrêa do Lago na ocasião.

 

Além do tema de recursos, outro ponto que tem travado as negociações no G20 é a resistência de países como Turquia e Índia de assumirem metas de redução de emissões mais ambiciosas. Esses governos alegam que ainda não podem se comprometer com promessas que afetem seu desenvolvimento econômico.

 

Além do clima, o grande entrave no G20 é a dificuldade dos membros do grupo de fechar um acordo sobre as guerras na Ucrânia e em Gaza.

 

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o governo Lula (PT) costura no G20 uma declaração que preserva Rússia e Israel de críticas diretas pelas guerras na Ucrânia e em Gaza, respectivamente, numa tentativa de superar o impasse que existe entre as principais economias do globo.

 



Mídia News