Juiz baleado por réu diz que falta segurança em fóruns de MT e confessa que tem medo
Do G1 MT
O juiz Carlos Eduardo de Moraes, baleado no ombro dentro do Fórum de Vila Rica, a 1.276 km de Cuiabá, confessou que sente medo e que esse sentimento é frequente entre os magistrados. Ele explica que em Mato Grosso alguns fóruns são localizados em prédios antigos, sem segurança.
“É um medo sim que todos têm. A magistratura inteira tem receio porque é complicado. A segurança é um ponto primordial para o exercício, independente de função e Mato Grosso, na verdade todo o Brasil, ainda tem que evoluir muito em segurança. O Poder Judiciário aqui em Mato Grosso tem uma peculiaridade de alguns fóruns serem bastante antigos, construídos fora de um contexto de segurança”, afirmou o juiz.
Mesmo assim, o magistrado classificou o caso como um “fato isolado”.
Para ele, qualquer servidor público está sujeito a passar por esse tipo de situação.
“A gente sabe que esses infortúnios são da carreira de qualquer servidor público. Entramos em contato com as dificuldades do cidadão e cada um externa o seu problema de uma forma. Esse caso mesmo foi bastante isolado. Queremos reverter essa situação, dando mais prestação jurisdicional”, afirmou o magistrado.
O magistrado explicou que não se lembra claramente da tentativa de homicídio, que ocorreu na segunda-feira (1º).
“Nos finais de semana, eventualmente existem prisões em flagrante, e naquele dia havia duas prisões. Na troca de flagranteados, entrou na sala de audiência um advogado acompanhado do cliente e ocorreu o evento. O cliente tirou uma arma e apontou para mim, para o promotor, e aí foi uma cena dessas que a gente tem flashes de memória”, disse.
Conforme informações da Polícia Militar, Domingos Barros de Sá entrou no fórum, foi ao gabinete do magistrado armado com um revólver calibre 22 e ambos entraram em luta corporal.
Ainda de acordo com a Polícia Militar, o suspeito era réu em uma ação por homicídio.
De acordo com a Polícia Civil, que investiga o caso, o suspeito entrou no fórum ao lado de seu advogado. Os dois foram em direção ao juiz e ao promotor, momento que o suspeito sacou uma arma de fogo e apontou na direção do juiz.
Um policial militar, que tinha ido buscar o próximo preso para audiência, chegou, sacou a arma de fogo e atirou contra o suspeito.
Volta ao trabalho
O juiz Carlos Eduardo de Moraes já retornou ao trabalho.
“Já estive no fórum, despachei e é vida que segue. O Ministério Público também, acredito, foi muito abalado com essa situação, e a própria OAB. São instituições voltadas para a garantia do povo e que precisam estar firmes e manter o seu propósito que é o de oferecer Justiça”, disse o juiz.