Alvo de operação, advogado foi acusado por Nery na OAB-MT
Investigado no inquérito sobre o assassinato do advogado Renato Nery, o também advogado Antônio João de Carvalho Júnior foi alvo de uma representação protocolada pela vítima na OAB-MT dez dias antes do crime.
Nesta quinta-feira (28), Antônio João foi alvo de um mandado de busca e apreensão na Operação Office Crime, deflagrada pela Polícia Civil para investigar o assassinato de Nery.
Na época, Antônio João alegou não ter conhecimento das acusações e as classificou como “levianas”, além de dizer que a morte de Nery foi uma violência “inaceitável”.
Renato Nery foi morto a tiros em 5 de julho deste ano na porta de seu escritório, na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá.
Na representação protocolada na OAB-MT em 26 de junho, Nery pedia a abertura de um processo disciplinar contra o Antônio João e o acusou de se apropriar e negociar uma área que ele havia recebido como honorários de ações de reintegração de posse, na qual atuou por mais de trinta anos.
“O relato das questões fáticas que precedem aos fundamentos jurídicos faz remissão a uma longa história sobre três processos, um deles tramitando há quase 40 anos. […] O Representado (Antônio João), aos olhos de qualquer principiante, na profissão que exerce nos processos mencionados revela ação de embusteiro e não de advogado que tem o dever de instruir a parte”, diz trecho da representação.
Após o documento vir à tona dias depois da execução de Nery, Antônio João disse que não sabia das acusações feitas contra ele. “Tomei conhecimento [da representação] pelos órgãos de imprensa. Nunca fui intimado, notificado ou convocado [pela OAB] para prestar esclarecimento ou qualquer resposta”, disse à época.
“Eu quero esclarecer que eu me coloco à disposição da OAB, caso essa representação seja recebida e eu seja intimado para apresentar respostas. Mas o que eu posso afirmar é que, muito embora a morte do Renato tenha acontecido por uma violência inaceitável, essa fato não diminui os atos processuais por ele praticado e que estão delineados no processo”.
Antônio ainda acusou Nery de falsificar documentos dentro processo e disse que a representação contra ele seria uma forma dele “dar credibilidade às alegações levianas”.
Segundo a investigação da Polícia Civil, uma disputa de terra motivou o homicídio de Nery. Nesta quinta (28), Antônio João foi alvo de mandado de busca e apreensão em seu escritório, no bairro Quilombo, e em sua casa, no Condomínio Florais do Lago, em Cuiabá.
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