Violência em 2024. Sargento da PM foi morto à luz do dia e bandido se escondeu no RJ

 

Um dos casos que mais repercutiram no estado em 2024 foi o assassinato do sargento da Polícia Militar Odenil Alves Pedroso, de 47 anos, que foi baleado na cabeça, em frente a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá, no dia 28 de maio.

Odenil estava escalado para serviços na UPA e foi atingido enquanto estava em uma lanchonete em frente da unidade. Uma câmera de segurança da rua mostrou como foi a ação do criminoso, que estava sozinho em uma moto.

Odenil foi socorrido em estado grave e, com apoio de uma aeronave do Ciopaer, foi levado ao Hospital Municipal de Cuiabá, onde foi intubado e passou por cirurgia. Entretanto, não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu horas depois.

O homem que atirou saiu em fuga em seguida, levando ainda a arma do policial. Quase oito meses após o crime, o assassino do sargento ainda não foi preso.

Na época, a motivação do crime foi apontada como uma vingança de uma facção criminosa por conta da morte do traficante faccionado Micael Oliveira Medeiros, conhecido como “Satã”. O criminoso havia sido morto por policiais militares quatro dias antes.

Após o crime, a tropa da PM começou uma “caçada sem precedentes” em busca do criminoso.

Investigações e caçada ao assassino

As investigações da Polícia Civil identificaram o autor do disparo como sendo Raffael Amorim de Brito, de 28 anos. A Polícia então deu sequência com a caça ao assassino.

No dia 9 de junho, um homem de 32 anos que não teve a identidade revelada e era apontado como cúmplice na fuga do assassino, foi localizado no Bairro Novo Paraíso, em Cuiabá e detido. Até hoje ele foi o único preso pela Polícia por envolvimento no caso.

Segundo a inteligência da PM, ele seria dono de um veículo Chevrolet Onix, que teria auxiliado Raffael Amorim a fugir após matar o sargento. Segundo o B.O. da época, o homem confessou que buscou Raffael no Centro Comunitário do Bairro Nova Conquista, e o deixou em uma região de chácaras em uma área conhecida como Monte Sinai.

O suspeito disse ainda que a ordem de dar apoio à fuga do assassino foi do líder da facção criminosa à qual integra. Um apartamento do bairro Santa Isabel, em Várzea Grande, que seria o esconderijo dele, foi localizado no dia 12 de junho pela inteligência da Polícia Militar, mas estava vazio.

No dia 29, policiais da DHPP (Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa) localizaram em uma casa, no bairro CPA II, a motocicleta, o capacete, botinas e uma jaqueta utilizados por Raffael na execução. O criminoso, porém, não foi achado no local.

Em novembro, após seis meses de buscas, o então comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Mendes, revelou que Raffael estaria escondido em uma comunidade no Rio de Janeiro que é território de facções criminosas.

Segundo o coronel, constantemente os canais de disque-denúncia recebem informações sobre o possível paradeiro do homicida. No fim de novembro o coronel Cláudio Fernando Tinoco tomou posse como Comandante-Geral da PM e deve passar a coordenar as ações de buscas.

Mãe entra na história

A mãe de Raffael Amorim de Brito, identificada apenas como Telma, veio a público após a divulgação do nome de seu filho como sendo o assassino do sargento Odenil, pedir que ele se entregasse às autoridades e pedisse “perdão a Deus pelo crime”.

“Ele cometeu um assassinato, mas ele não é um assassino. Não tenho ele como um assassino e nem quem conhece ele tem como assassino. Para mim, foi uma fatalidade”, disse ela em entrevista.

A mãe garantiu que não teve contato com Raffael desde o dia do crime. Da última vez em que esteve com a família, ele teria pedido à irmã que o abrigasse pouco antes de fugir para outro esconderijo.

“Minha filha recebeu ele sem saber ao certo o que estava acontecendo. Depois ela disse para mim que soube o que estava acontecendo, ficou apavorada, e ele se foi […] Eu quero proteger a vida dele para que ele possa ter oportunidade de pedir perdão pra Deus do que ele fez”.

“Alguma coisa aconteceu naquele momento, porque eu não acredito que ele tenha ido ali para fazer tal coisa. Meu filho, em nome do Deus todo poderoso que você conhece, que eu creio que o seu coração está quebrado por ter acontecido isso na sua vida”, disse, como se conversasse com o filho.

Apesar do apelo da mãe, Raffael não se entregou e permanece foragido até os dias atuais.

Comoção nas redes

A morte trágica, covarde e brutal do sargento Odenil comoveu dentro e fora da tropa. Diversas pessoas se manifestaram lamentando o assassinato.

O tenente-coronel Martins Júnior, comandante do 3º Batalhão, unidade em que Odenil serviu a maior parte da vida, disse que não há “nada que possa macular a imagem dele”.

“Sempre foi um policial que trabalhou da melhor forma possível. Um profissional que sempre apresentou um bom comportamento, uma pessoa mais séria, mais pacata, mas que era muito bem quista por todo o efetivo do 3º Batalhão. O pessoal gostava muito dele, tanto os coletas quanto a comunidade que ele atendia”, disse.

“Que Deus tenha um bom lugar pra você e tenho certeza que quem atirou vai pagar pelo fez e vai pagar muito caro. Meu coração chora sua partida, amigo”, disse outro colega de farda.

“Situação revoltante que aconteceu em Cuiabá, nesta terça-feira, e nos deixou consternados. O sargento Odenil era o meu irmão de farda e de turma, quando nos formamos em 1998”, disse o deputado estadual Elizeu Nascimento.

Nas redes sociais o caso gerou comoção e revolta. “Meus sentimentos aos familiares desse nobre guerreiro, que os criminosos paguem caro por essa covardia”, dizia uma das publicações.

“Que Deus o tenha no céu, ele estava protegendo a população. Eu queria a pena de morte para quem faz uma coisa dessas com um pai de família ou outra pessoa do bem”, disse outro internauta.

O presidente da Associação de Cabos e Soldados de Mato Grosso (ACS/MT), o sargento Laudicério Machado, informou que o sargento estava de folga na corporação e trabalhava para complementar a renda familiar quando foi morto.

“Se ele tivesse o salário digno, com certeza estaria no seio da sua família, descansando e guardando o seu horário ordinário para trabalhar. Não estaria complementando a renda para poder dar dignidade à sua família”, afirmou Machado à época.

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