“Não tinha ilusão que seria fácil, mas é pior do que pensávamos”

Mesmo em pouco mais de uma semana no comando da Secretaria de Saúde de Cuiabá, a médica Lúcia Helena Barboza Sampaio já constatou a situação de caos e sucateamento da Pasta. 

 

Esse grau de endividamento, a gente não imaginava que fosse tão grande. Esse aspecto está pior.

Considerada a área que mais sofreu na gestão do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), com intervenção do Estado e alvo de diversas operações políciais por suspeitas de esquemas de corrupção, o diagnóstico da Saúde não é favorável.

 

As circunstâncias em que a Pasta foi deixada, e não só a Saúde, a Prefeitura em si, são muito piores do que a gente imaginava. Esse grau de endividamento, a gente não imaginava que fosse tão grande. Esse aspecto está pior”, afirmou.

 

Em entrevista ao MidiaNews, a secretária detalhou como tem sido seu trabalho nos primeiros dias de gestão para reorganizar a Saúde a partir do caos. Ela revelou a intenção de exonerar servidores contratados de forma irregular e prometeu uma revisão total dos contratos assinados.

 

O critério está sendo esse: quem tem contratação irregular não fica, quem tiver alguma expertise específica vamos manter pelo tempo que for necessário para gestão não parar”, disse.

 

Lúcia Helena ainda falou sobre as mudanças implementadas nas UPAs e UBSs de Cuiabá, expectativas para o futuro da secretaria, o fim da Empresa Cuiabana de Saúde Pública e as promessas do Plano de Governo para a Saúde.

 

Confira os principais trechos da entrevista (e a íntegra no vídeo abaixo):

 

MidiaNews – A senhora visitou as UPAs e UBSs nos últimos dias. Qual o diagnósticoa senhora faz da Saúde neste momento?

 

Lúcia Helena – As visitas são para ver como é que as coisas estão funcionando. Mas elas deverão ser feitas de maneira formal para identificar as inconformidades que existem em todas as unidades de saúde junto com os secretários-adjuntos. Desde as unidades básicas de saúde até os hospitais.

 

É uma coisa que a gente tem que fazer para iniciar a gestão, ver como as coisas estão funcionando, quais são as necessidades, quais as dificuldades, falar com os funcionários, com os servidores, para saber como é que está o trabalho. Esse é o nosso objetivo nesse primeiro momento.

 

Algumas coisas a gente já sabe. Tem mais ou menos um diagnóstico, mas vamos quantificar as coisas nos locais e ver quais são as prioridades de ação nesse começo de mandato.

 

 

 

MidiaNews – E o que foi identificado como prioridade até o momento?

 

Lúcia Helena – São várias. Em cada setor, a prioridade fica um pouquinho diferente. Por exemplo, nas unidades básicas de saúde, com a nova proposta de atendimento que a gente está trazida, a gente tem que mudar o perfil dos medicamentos e insumos que são levados para lá.

 

As condições ambientais de cada unidade, telhado, água, luz, telefone, internet, essas coisas todas. Nas UPAs a mesma coisa, as condições ambientais, o aporte de insumos e medicamentos, as condições de atendimento à população, maca, maqueiro, cadeira de roda. Enfim, os insumos que são necessários para a gente atender a população na ponta.

 

E nos hospitais tentar reorganizar a rede para saber quais são os atendimentos prioritários.

 

MidiaNews – Na gestão passada, Emanuel Pinheiro foi investigado por um esquema de cabide de empregos na Saúde para pagar favores a aliados políticos. Ao assumir a secretaria, notou um inchaço na Pasta?

 

Lúcia Helena – A gente identificou que realmente existe um número acima do que seria suficiente para o atendimento da Saúde. As formas de contratação são muito diversificadas e estamos priorizando a manutenção dos servidores que são já efetivos, identificando as especialidades técnicas de cada um e realocando.

 

As contratações que foram feitas de forma irregular durante a gestão do prefeito anterior vamos exonerar, a não ser que seja um servidor que tenha uma expertise muito especial e não possa ser substituído nesse momento.

 

O critério está sendo esse: quem tem contratação irregular não fica, quem tiver alguma expertise específica vamos manter pelo tempo que for necessário para gestão não parar.

 

MidiaNews – Qual o número de contratados na Pasta?

 

Lúcia Helena – Não tenho como te falar, porque Empresa Cuiabana e Secretaria de Saúde são distintas. Essas contratações divergem nos mais diversos lugares. A Empresa Cuiabana, que são os hospitais São Benedito e Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), tem uma série de pessoas que foram contratadas irregularmente e essas pessoas estão sendo revistas pelas equipes. A gente está fazendo um pente fino.

 

 

 

MidiaNews – O prefeito Abilio falou recentemente sobre exonerar 40% dos servidores comissionados. Essa redução já faz parte dessa medida?

 

Lúcia Helena – Envolve isso também.

 

MidiaNews – Todos sabem que a gestão Emanuel foi marcada por escândalos e suspeita de corrupção. A senhora pretende fazer uma devassa na Saúde?

 

Lúcia Helena – Todos os contratos de prestação de serviço, de compras e tudo mais estão sendo revisados. O objetivo é que a gente torne esses contratos o mais enxutos possível. É óbvio que a gente sabe que existem passivos em um grande número de contratos. Esses passivos serão renegociados. Foi formada uma comissão para tratar exatamente desse tema, mas isso não acontece só na Saúde, tem outras pastas também.

 

Todas as secretarias foram incitadas a levantar esses contratos, indicar se há possibilidade de redução naquilo que foi contratado e essa comissão vai tratar junto com cada secretaria desses contratos, junto com o planejamento, junto com a Pasta da Fazenda, para que a gente reduza esses contratos.

 

Obviamente sem prejudicar o serviço que já foi prestado. O passivo que existe vai ser renegociado, a gente não quer prejudicar ninguém, mas o objetivo é reduzir o quanto for possível dos contratos que existem hoje.

 

MidiaNews – Como a senhora vê tanta suspeita de corrupção em uma área tão sensível e que trata de vidas?

 

Lúcia Helena – Acho lamentável que as pessoas usem uma Pasta que tem exatamente esse fim, de cuidar da população, para benefício individual. Isso é muito ruim. Na nossa gestão, isso não vai existir, se isso for identificado vai ser dado devido ao tratamento.

 

Nós somos absolutamente contra a corrupção, mas não creio que as pessoas que estão conosco estejam com esse objetivo. Então, o tratamento que for dado é tratamento legal, não vai se admitir esse tipo de coisa não. Eu acho lamentável quem faz isso.

  

Todos os contratos de prestação de serviço, de compras e tudo mais estão sendo revisados. O objetivo é que a gente torne esses contratos o mais enxutos possível 

MidiaNews – O prefeito Abilio disse que pretende acabar com a Empresa Cuiabana de Saúde Pública e colocar nos hospitais municipais médicos que já são do quadro efetivo da Prefeitura. É possível fazer isso neste momento, ou é algo para médio ou longo prazo?

 

Lúcia Helena – Liquidar uma empresa como a Empresa Cuiabana não é uma coisa tão fácil, é complicado. Ela foi criada com o objetivo de atender uma necessidade daquele momento ao município e hoje ela é uma empresa muito grande, com passivo tão grande quanto, com número de funcionários também muito grande, com contratações irregulares… Então, enquanto todas essas questões não forem sanadas, não podemos pensar no fechamento da empresa.

 

Hoje, o que acontece é que a empresa está com uma gestão subordinada à Secretaria Municipal de Saúde. Não era assim, ela era quase que independente da Secretaria, a gente só financiava. E hoje ela está subordinada à Secretaria e as ações que são feitas, essa questão de revisão de contrato, de pessoal, tudo é feito de maneira conjunta com a Secretaria Municipal de Saúde, não é mais independente.

 

Então, a interlocução com os diretores de lá está sendo muito mais harmônica e conjunta para que a gente possa distribuir melhor os recursos, os recursos humanos, os recursos financeiros.

 

MidiaNews – Como vai ser esse processo?

 

Lúcia Helena – Do ponto de vista legal, não saberia te dar detalhes. Mas o que que acontece hoje? A Empresa Cuiabana é uma empresa que foi criada para atender a secretaria e gerencia dois hospitais, HMC e São Benedito. Ela continua fazendo isso, só que subordinada à Secretaria Municipal de Saúde.

 

Então, hoje, as pessoas que estão na direção da Empresa Cuiabana, estão subordinadas à Secretaria. Todas as ações e decisões são tomadas em comum acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.

 

 

 

MidiaNews – No ano passado, o prefeito Abilio afirmou que a dívida na Saúde era de R$ 700 milhões, sendo R$ 200 milhões da Empresa Cuiabana de Saúde Pública e R$ 500 milhões da secretaria. A senhora pode dizer, pelo menos, se esse valor aumentou?

 

Lúcia Helena – Um pouquinho.

 

MidiaNews – Sabemos que não é possível fazer o pagamento imediato desta dívida. Como será essa negociação?

 

Lúcia Helena – O dinheiro que a gente dispõe, gente está tentando organizar de forma a fazer contratualizações que possam melhorar esse aporte financeiro dentro daquilo que a Secretaria pode fazer. Essa é uma das vertentes.

 

A outra é esse enxugamento da máquina, para reduzir os custos. Também a revisão dos contratos, tentar reduzi-los ao máximo que for possível. E junto com a Secretaria de Fazenda, eles vão olhar no que eles têm de recursos financeiros na Prefeitura, priorizando o atendimento da população.

 

São essas linhas que a gente tem de trabalho e espero que até o final do ano a gente consiga equilibrar as despesas e as receitas.

 

MidiaNews – A senhora já conversou com fornecedores para renegociar essas dívidas a pagar? Eles chegaram a procurá-la?

 

Lúcia Helena – Alguns já entraram em contato conosco colocando o passivo que existe a ser acordado.Foi criada uma comissão dentro da prefeitura que é quem vai fazer essas negociações de todas as Pastas, não só da saúde.

 

Então o que a gente faz é levantar as informações, o passivo, a data de início do contrato, quando foi feito o último pagamento, enfim, situar de cada um deles e passar para essa comissão, priorizando aquilo que não pode parar.

 

Vou dar um exemplo: a alimentação não pode parar, porque o paciente internado não pode parar de comer. Limpeza não pode parar. São coisas que a gente prioriza, porque não dá para ficar sem o serviço. Os contratos que existem têm fiscais, que serão chamados a opinar sobre a oferta do serviço que foi contratado.

 

Se ele foi realmente executado, senão a gente vai reduzir esses contratos para aquilo que foi realmente executado e negociar o passivo que ainda existe. A estratégia no momento é essa, essa comissão é que vai fazer.

 

 

 

MidiaNews – O prefeito tem falado muito nos gastos excessivos com tecnologia da informação, dizendo que há mais de uma empresa fazendo o mesmo serviço. Esse tipo de problema ocorre na Saúde?

 

Lúcia Helena – Sim, por exemplo: vamos dizer que temos um contrato com o MidiaNews para atendimento de TI. Aí, ela vai faz outro contrato com você, para fazer a mesma coisa. Então fica com uma duplicidade de contrato com o mesmo objeto. É isso que a gente tem identificado.

 

Com isso, os contratos ficam muito inchados, com um faturamento muito alto, às vezes, com serviços que estão se sobrepondo, que poderiam ser simplificados. E por outro lado, tem demandas muito importantes de organização do sistema que a gente não tem e que tem que ser negociadas.

 

O objetivo todo é tornar a prefeitura mais ágil e que as Pastas possam conversar entre si, não havendo sobreposição de trabalho.

 

MidiaNews – De quanto é o contrato da Saúde com essas empresas de T.I.?

 

Lúcia Helena – Não sei te falar.

 

MidiaNews – A senhora assinou uma portaria nesta semana acabando com a necessidade de agendamento no primeiro atendimento nas unidades municipais. Na prática, o que muda para o usuário do SUS?

 

Lúcia Helena – A unidade básica de saúde tem por premissa o acolhimento do paciente na ponta. É pela unidade básica que o paciente entra no sistema para ser atendido.

 

Esse paciente hoje tem sido atendido, na maior parte das vezes, nas UPAs, que são para atendimento de urgências e  emergências. Lógico, porque o paciente não sabe o que é urgência e emergência, mas muitas vezes procura porque ele não conseguiu atendimento na unidade básica.

 

Então o que a gente identificou? As unidades básicas de saúde estão com sub aproveitamento significativo. Tem unidade básica que atende 40% da sua capacidade, entre 40% e 60%, mais ou menos isso. Esses pacientes estão indo para as UPAs.

 

E quando a gente vai na UPA ver o tipo de atendimento que é feito lá, 80% a 90% são de atendimentos de baixa complexidade. São atendimentos que são classificados como azul e verde, pelo critério de Manchester. Então, eles poderiam ser atendidos na unidade básica de saúde.

 

 

 

MidiaNews – O objetivo é acabar com uma ociosidade?

 

Lúcia Helena –  Essa ociosidade da atenção primária vai atender o excesso de paciente na UPA. É a dor abdominal, a dor para urinar, é a dor de cabeça, é a febre de baixa intensidade, coisas leves, que não têm nenhuma urgência e que podem ser vistas na realidade básica de saúde.

 

Nós temos um número imenso de Unidade Básica de Saúde, cerca de 112 mais ou menos que estão funcionando, e que podem atender mais 3, 4 pacientes em cada período, não tem dificuldade alguma. Essa ociosidade vai desaparecer da Unidade Básica e esse paciente não vai precisar ir para a UPA.

 

A questão da regionalidade, da territorialização, que é muito questionada, esse atendimento de livre demanda, vai acontecer em um primeiro momento, mas esse paciente que teve esse primeiro atendimento, vai ser, obviamente, referenciado para a sua área de abrangência e vai dar seguimento a esse primeiro atendimento lá na sua área de abrangência fazendo seu cadastro e melhorando o conhecimento daquela área.

 

Então a ideia é essa, o paciente entra por qualquer porta, mas depois ele vai exatamente para o lugar onde tem que ser atendido.

 

A gente não vai deixar de atender nenhum programa, não vamos deixar de agendar paciente normalmente, de forma alguma, mas a gente vai dar possibilidade para o paciente de se dirigir à unidade básica de saúde para receber o atendimento mínimo que seja.

  

MidiaNews – O fim dos agendamentos no primeiro atendimento gerou certa insatisfação entre alguns profissionais nos bastidores. A crítica se deve ao fato de que a demanda nos postos já é grande e com a obrigação de atender a todos, pode sobrecarregar as unidades. Existe o risco de sobrecarga? Como lidar com isso?

 

Essa questão econômica e financeira também é muito angustiante. A gente fica querendo resolver as coisas e não consegue fazer no tempo que gostaríamos

Lúcia Helena – Quando a gente olha as fichas de atendimento das UPAs, o quantitativo delas e o qualitativo também, quando a gente olha para a ociosidade da unidade básica de saúde, não vejo como sobrecarregar se você distribuir, sinceramente.

 

Não estou aqui para colocar a faca no pescoço de ninguém, a gente não veio para isso. Mas também não posso chegar em uma unidade básica de saúde e ver que tem gente lá sem fazer nada e chega na UPA daquele bairro e tem inúmeras pessoas lá esperando para ser atendidas com coisas que não precisariam ser atendidas lá. Então esse equilíbrio tem que haver.

 

A gente vai conseguir encontrar esse equilíbrio olhando bem de perto o funcionamento dessa proposta. Mas volto a repetir, esse tipo de atendimento já está previsto na unidade básica de saúde. Não estou inventando nada, não estou colocando na unidade básica nada que já não fosse previsto no atendimento.

 

O que a gente vai ter que fazer é dimensionar isso, talvez criar um horário estendido, se for identificado que é necessário, mas essa ociosidade da unidade básica e esse excesso de pacientes que não tem indicação de urgência se acumulando nas UPAs e transmitindo doenças para os outros, isso a gente tem que tentar evitar. 

 

MidiaNews – Passada uma semana desde que a senhora tomou posse, o fardo de cuidar da Pasta mais problemática da Prefeitura é o que a senhora esperava ou está sendo maior?

 

Lúcia Helena – Eu sabia que a Pasta é difícil, né? Trabalhei muitos anos no serviço público, fui servidora por 28 anos e conheço bem a dinâmica e saí exatamente quando o prefeito anterior entrou no seu primeiro mandato.

 

E a gente via como as coisas estavam acontecendo, o fato de ser presidente do CRM e ter passado por pandemia, esse histórico todo que a gente vivenciou nos últimos anos, a gente consegue ter um olhar bem real do que está acontecendo. Então, não tinha ilusão de que ia ser uma coisa fácil.

 

Mas uma coisa é fato. As circunstâncias em que a Pasta foi deixada, e não só a Saúde, a prefeitura em si, são muito piores do que a gente imaginava. Esse grau de endividamento, a gente não imaginava que fosse tão grande. Esse aspecto está pior. Eu estou muito motivada. Acho que a gente vai conseguir fazer muita coisa.

 

MidiaNews – O prefeito tem feito postagens trabalhando até de madrugada muitas vezes com secretários. Como é trabalhar no ritmo dele? 

 

Lúcia Helena – É muita demanda. Tem muita coisa para fazer. Eu tenho até certa admiração pelo Abilio, porque se para a Saúde está difícil, ele tem a Saúde e todas as outras Pastas para lidar.

 

Essa questão econômica e financeira também é muito angustiante. A gente fica querendo resolver as coisas e não consegue fazer no tempo que gostaríamos, mas acho que isso vai até um certo momento. As coisas vão se equilibrar, a poeira vai assentar, vamos conseguir identificar os maiores gargalos, fechar as coisas direitinho, colocar para funcionar.

 

Eu tenho uma grande expectativa de que as coisas vão andar bem, talvez em um tempo até mais curto do que a gente imaginava, porque a equipe é muito boa, a equipe é unida e tem os mesmos objetivos.

 

MidiaNews – Durante o período de campanha, o agora prefeito Abilio falou prometeu criar as Vilas da Saúde. No estado que a Pasta se encontra, vai ser possível tirar isso do papel nesses quatro anos de mandato?

 

Lúcia Helena – A gente está num momento em que a Capital vai sofrer algumas mudanças no cenário da Saúde. A gente tem perspectivas de inauguração do Hospital Central, o Hospital Júlio Müller vai mudar de lugar, vai aumentar a capacidade de atendimento e isso com certeza vai impactar nos planos que nós temos para Cuiabá.

 

Pode ser que fique mais fácil executar algumas coisas, por exemplo, como a Vila da Saúde, que tem um outro nome no SUS, onde você tem um atendimento multidisciplinar, talvez fique mais fácil, porque a gente vai poder contar com esses hospitais de ponta e a tecnologia a nosso favor para favorecer o atendimento das pessoas de maneira geral.

 

Essas Vilas da Saúde, quando a gente puder implementar, não vai ser uma coisa tão complicada, porque elas vão acontecer onde já existe atendimento, a gente vai somar. Acho que a gente vai conseguir fazer isso a partir do segundo ano, talvez o terceiro, o quanto antes gente puder melhor.

 

  

 

MidiaNews – Um dos momentos mais marcantes da gestão passada e que gerou desdobramento ao longo dos anos foi um estoque de milhares de medicamentos vencidos encontrados. O que gerou até uma CPI. Como a senhora encontrou os estoques de medicamentos na Saúde? Como evitar que esse erro se repita?

 

Lúcia Helena – Medicamentos vencidos nós não encontramos, mas encontramos medicamentos próximos de vencer, inclusive adquiridos fora da padronização, porque a gente não pode receber medicamento com menos de um ano de validade. Isso, infelizmente, encontramos, mas com a possibilidade de aquisição através de consórcio, inclusive permuta desse que estão vencendo por outros que a gente precisa. Então, existe uma forma de driblar essa situação.

 

O gerenciamento de medicamentos, de uma maneira geral, vai passar por um choque de gestão mesmo e de modernidade. Isso já está sendo feito. A rede de distribuição de medicamentos já está sendo olhada por pessoas com expertise, especialistas em TI.

 

Está sendo desenhado um fluxo para esse medicamento chegar no CDMIC [Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá] e ser distribuído por toda a rede até chegar na sua mão se você precisar. Até a ponta e desde a entrada, tudo isso vai ser monitorado por pessoas que são especialistas nisso. Não vão haver compras de coisas que não precisem.

 

E dessa forma a gente sabe que o desperdício não vai mais acontecer com esse monitoramento mais de perto, que não acontecia.

 

MidiaNews – A senhora mencionou as visitas nas UPAs da Capital e outras unidades. Qual o sentimento da população em relação à nova gestão? A senhora chegou a conversar com os pacientes que estavam no local?

 

Lúcia Helena – Surpreendentemente, mesmo você estando num lugar onde as pessoas estão ali com sofrimento, ninguém está ali para passear, as pessoas nos acolhem com muito afeto, de maneira muito afetuosa mesmo, e com muita esperança.

 

Ficam felizes de nos ver nos lugares, sabendo que esse olhar está próximo, e eles têm muita esperança de que as coisas melhorem. E nós também temos. A gente sabe os caminhos que têm que ser percorridos, a gente vai percorrer esses caminhos, junto com a população.

 

É otimismo com relação ao futuro. Não é só da gestão não, a população também está assim.

 

Veja a entrevista na íntegra:

 

 



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