Polícia prende 15 pessoas por fabricar anabolizantes ilegais; grupo patrocinava fisiculturismo

Quatorze pessoas foram presas nesta terça-feira (14) na Operação Kairos, da Polícia Civil do RJ e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), contra a fabricação e a comercialização de anabolizantes clandestinos. Segundo as investigações, os produtos continham substâncias tóxicas e nocivas para seres humanos, como repelentes de insetos.

Entre as marcas — que não têm registro na Anvisa — estão a Next, Thunder Group, Venon, Pharma Bulls, Supreme, Kraft, Phenix e Blank.

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Ao todo, 15 pessoas eram procuradas. Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, o Boss, apontado como o chefe da quadrilha, foi preso em uma casa de luxo em São Gonçalo. A mulher dele, Aiane, também foi presa.

No muro, placas com dizeres ameaçadores: “Propriedade particular — invasores serão alvejados; sobreviventes serão alvejados novamente” e “Atenção — da cerca pra dentro agimos igual ao STF — acusamos, julgamos e executamos a pena!”.

O grupo investigado patrocinava grandes eventos de fisiculturismo e atletas profissionais para alavancar as vendas. Em 6 meses, a 76ª DP (Centro de Niterói) identificou uma movimentação de R$ 80 milhões com o negócio, anunciado em plataformas on-line e nas redes sociais.

Agentes saíram para cumprir também 23 mandados de busca e apreensão no RJ e no DF. Foram expedidos ainda 8 mandados de medidas cautelares diversas da prisão.

‘Maior grupo do país’

Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) pela fabricação, armazenamento e logística de distribuição dos produtos. O grupo é acusado de associação criminosa, crime contra a saúde pública e crimes contra as relações de consumo.

“Estamos falando, possivelmente, do maior grupo de revenda de anabolizantes clandestinos do país. A movimentação financeira é muito maior, e nesta primeira fase estamos nos concentrando nos mentores e nos gestores da quadrilha. Mas ainda seguiremos investigando influenciadores, revendedores de ponta e até mesmo quem de certa forma contribuiu para os crimes apenas com propaganda e divulgação”, explicou o delegado Luiz Henrique Marques.

Ainda segundo o delegado, o grupo pagava R$ 10 mil para influencers divulgarem as marcas.

“As investigações mostraram que eles enviavam mercadorias para 26 dos 27 estados brasileiros. Além disso, algumas instalações utilizadas foram montadas em áreas dominadas pelo tráfico para dificultar possíveis investigações”, completou Pedro Simão, promotor do Gaeco.

Aviso dos Correios

O trabalho da polícia começou em junho de 2024, após uma parceria com o setor de fiscalização dos Correios, que identificou grandes quantidades de supostas substâncias anabolizantes enviadas diariamente para diversos locais do Rio de Janeiro, bem como para outros estados.

O material foi analisado pela Polícia Civil e pelo Gaeco. Somente no período da investigação, mais de 2 mil substâncias ilícitas foram apreendidas, o que gerou um prejuízo de mais de R$ 500 mil ao grupo criminoso.

Para atrair os consumidores, a quadrilha anunciava seus produtos com preços bem abaixo dos oferecidos em farmácias autorizadas, que revendem substâncias legais com receita médica.

Um miligrama de hormônio legalizado, por exemplo, custa em média mais de R$ 50 e só pode ser comprado com prescrição justificável. No site ilegal, a mesma quantidade era vendida por R$ 18 e sem qualquer necessidade de autorização.

Em abril de 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução que passou a proibir terapias hormonais para fins estéticos e de desempenho esportivo.



Estadão MT