Homem tenta desbloquear carro que era de integrante do C.V. e justiça nega

A juíza Alethea Assunção Santos, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, negou o pedido de desbloqueio de um veículo que estava no nome de um integrante do Comando Vermelho, alvo da Operação Apito Final. Um homem, G.H.M.G., entrou com o pedido para reaver o veículo Kia Sportage, que estava em nome de Renan Freire Borman, apontado como o responsável por comprar veículos para o tesoureiro do CV, Paulo Winter Farias, Vulgo WT. O documento foi assinado na última segunda-feira, 13.

“Diante do exposto, conheço os embargos de declaração opostos, todavia, rejeito as razões apresentadas e, por conseguinte, mantenho a sentença prolatada nos autos incólume”, decidiu.

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Renan foi apontado como o responsável por comprar por todos os carros utilizados por W.T e familiares. Ele também é o proprietário da microempresa Certinho Veículos, que não possui nenhum funcionário vinculado e nem endereço. A microempresa possui um capital de R$ 100 mil e movimentou R$ 14 milhões.

G.H.M.G. alegou que o veículo foi usado como parte da compra de uma Hilux. Em 2021, Renan pagou metade em dinheiro e deu o veículo para cobrir a outra parte. Após isso, o veículo Kia Sportage foi vendido para G.H.M.G, e em 2024 ocorreu a transferência do veículo, que foi coincidentemente no mesmo dia que a justiça bloqueou os bens de Renan.

O Ministério Público do Estado (MPMT) se manifestou contra o pedido do homem de reaver o bem.

O magistrado seguiu a manifestação do MPMT e explicou que, apesar de os argumentos não apresentarem nenhuma inconsistência, o pedido não pode ser acatado, pois não há comprovação de que a transferência tenha sido feita pela compra do veículo.

“Desse modo, é certo que, apesar da transferência realizada, não há nada nos autos que comprove que ela ocorreu em razão da compra do veículo apreendido, bem como este ainda se encontra em nome do réu. No presente caso, não se verifica a presença de tais vícios na sentença, o que evidencia a tentativa de alterar o mérito da decisão anteriormente prolatada, razão pela qual conheço e rejeito os presentes embargos”, sustentou.

Operação Apito final

Deflagrada no dia 2 de abril de 2024, a operação Apito Final é resultado de dois anos de investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), com objetivo de desarticular um esquema de lavagem de dinheiro criado por integrantes de uma organização criminosa, em Cuiabá.

Conforme as investigações, conduzidas pelos delegados Gustavo Belão, Rafael Scatolon e Frederico Murta, após deixar a prisão, em outubro de 2021, o investigado Paulo Witer, que já integrava a facção criminosa, se tornou tesoureiro do grupo e passou a movimentar cifra milionária, por meio de diversos esquemas de compra e venda de imóveis e veículos, além de um time de futebol amador, para dissimular e ocultar a origem ilícita dos valores.

Apenas no período apurado, a movimentação alcançou, pelo menos, R$ 65,9 milhões.



Estadão MT