Deputado eleito em MT pode pegar até 120 anos de prisão por fraudes em ministério
Folhamax
Preso temporariamente nesta manhã de sexta-feira (9), o deputado federal eleito Neri Geller (PP) pode pegar até 120 anos de prisão, de acordo com os supostos crimes elencados pela Operação Capitu, deflagrada pela Polícia Federal hoje. Geller foi um dos 11 presos temporariamente pela PF nesta nova fase da Operação Lava Jato, que investiga esquemas de corrupção envolvendo o Ministério da Agricultura, do qual Geller já foi titular, e a Câmara dos Deputados.
Os envolvidos no suposto esquema poderão ser indiciados por constituição e participação em organização criminosa, obstrução de Justiça, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As penas máximas variam entre 3 e 120 anos, dependendo da atuação de cada um dos envolvidos.
No caso de Geller, como os fatos apurados correspondem ao período em que ele era ministro da Agricultura, não há possibilidade de ser indiciado pelo crime de corrupção ativa, já que este é atribuído a todos aqueles que não atuam no Poder Público.
De acordo com as investigações da Operação, a organização criminosa facilitava normatizações e licenciamentos do ministério para empresas do ramo de processamento de proteína animal em troca de pagamento de propina.
Os atos do Mapa regulamentavam a exportação de despojos (restos das commodities), proibição de vacinas, federalização das inspeções de frigoríficos. Tais medidas acabavam por eliminar a concorrência, uma vez que as demais empresas – que não pagavam propina – eram prejudicadas com os atos. Segundo a PF, isto acabou por criar uma espécie de monopólio.
As investigações ainda apontam que o grupo político recebeu cerca de R$ 2 milhões para regulamentar a exportação de despojos e R$ 5 milhões para proibir o uso de ivermectina de longa duração. Além disso, um deputado federal da Paraíba também teria recebido R$ 50 mil para tentar viabilizar a federalização das inspeções sanitárias em frigoríficos.
A Polícia Federal não especificou qual seria a participação de Geller no suposto esquema. Contudo, afirmou que as investigações foram motivadas pela colaboração premiada do doleiro Lúcio Funaro, que detalhou o esquema praticado por servidores públicos ligados direta ou indiretamente ao Mapa nos anos de 2014 e 2015.
Uma das suposições é que Geller esteja no rol dos investigados devido ao suposto recebimento de 250 mil em propina da JBS. O pagamento teria sido feito pelo conhecido “homem da mala”, Florisvaldo Oliveira, responsável na JBS por executar o pagamento de propina a políticos.
Quando firmou acordo de colaboração premiada, Florisvaldo anexou uma foto que fez com Neri Geller no dia 3 de novembro de 2014, quando teria levado a ele o montante.
Além de Geller, outras 10 pessoas foram presas temporariamente, entre elas, o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), os executivos da JBS, Joesley Batista, Ricardo Saud e Demilton de Castro, e ainda o deputado estadual mineiro João Magalhães.