Motoristas enfrentam 15 km de fila na 163: “Caos; indignação”

Vídeos divulgados nesta terça-feira (28) mostram filas quilométricas e expõem a situação enfrentada por caminhoneiros em Rondonópolis (a 216 quilômetros de Cuiabá) na entrada do maior terminal de grãos da América Latina, o Terminal Ferroviário Rumo. 

A Rumo não está comportando a quantidade de caminhões. Tem motorista que estava há 24 horas na fila

 

Ao todo, são aproximadamente 15 quilômetros de fila apenas na BR-163, fora a concentração de caminhões no pátio da empresa e de um posto de combustíveis. O problema começou há quatro dias. 

 

Em conversa com o MidiaNews, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas do Transporte Terrestre de Rondonópolis e Região (STTRR), Afonso Aragão, classificou a situação como um “verdadeiro caos”.

 

Ele explica que o problema é recorrente e, desde que assumiu a presidência do sindicato, em 2022, os transtornos com as filas sempre acontecem no escoamento da safra.

 

“A Rumo não está comportando a quantidade de caminhões. Tem motorista que estava há 24 horas na fila. Já tem decisão judicial. Isso é recorrente. É um caos que o motorista enfrenta. Ontem os motoristas estavam sem comida lá na Rumo”, afirmou.

 

 A decisão judicial a que Afonso se refere é uma tutela de urgência cautelar que o sindicato obteve contra a empresa em junho de 2024, por problemas similares enfrentados pela categoria.

 

O documento foi assinado pela juíza Milene Aparecida Pereira Beltramini, e prevê que no prazo máximo de 8 horas de espera, a empresa disponibilize “aos motoristas banheiros químicos, em locais estratégicos para necessidades fisiológicas”.

 

Para mais de cinco horas de espera para o descarregamento, a empresa deve disponibilizar alimentação e água potável, sob pena de multa diária de R$ 1 mil por dia.

 

“Não olvidar que a situação narrada nos autos, fere o princípio da dignidade da pessoa humana que é fundamento essencial e basilar para a existência do Estado Democrático de Direito, mormente em razão da deplorável situação vivenciada pelos motoristas, os quais estão a mais tempo do que a legislação prevê a disposição da parte requerida sem apoio para suas necessidades básicas e sanitárias”, diz trecho da decisão.

 

Fila de 15 quilômetros

 

Afonso explica que a empresa precisou usar o pátio de um posto privado para evitar que a fila de caminhões chegasse à cidade.

 

“Estão tendo que usar o Posto Ursão como base para que a fila não chegue até a cidade. Os caminhões se arrastam por 10 quilômetros. Na frente da Rumo tem mais fila, mais uns 5 quilômetros”, disse.

 

Para Afonso, o sentimento é de indignação. “Não temos acesso ao básico. Nessa fila tem motorista que está até sem tomar banho, sem alimentação. Indignação”.

 

“Rondonópolis é considerada a capital dos rodantes pesados. Chamei o presidente da Câmara Municipal, o prefeito, ambos estão em Brasília, também vou acionar o governo do Estado. Precisam entender que esse caminhão parado é prejuízo para a economia do Estado”.

 

Outro lado

 

A reportagem entrou em contato com a Rumo, que se manifestou por meio de nota: 

 

A Rumo informa que o Terminal de Rondonópolis (TRO) passou por uma manutenção programada a fim de garantir a melhoria dos serviços prestados e está funcionando normalmente.

 

Neste início de safra a Rumo  ampliou o estacionamento e contratou uma área a mais, a fim de acomodar os caminhões e evitar filas. 

 

Importante ressaltar que são enviadas mensagens aos caminhoneiros para que cumpram o agendamento e não antecipem a chegada à região do Terminal, justamente para se evitar filas.

 

A Rumo aproveita para reforçar a mensagem aos caminhoneiros, para que cumpram o agendamento e não cheguem antes do horário ao terminal.

 

Veja:

 

 



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