PMs presos em operação teriam forjado confronto para plantar arma do crime, aponta investigação

As investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontam que os policiais militares presos na ‘Operação Office Crime – A Outra Face’ teriam forjado um confronto para plantar a arma que matou o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Renato Nery. A suposta ação teria sido uma tentativa de desviar o rumo das investigações.

O atentado contra Nery ocorreu no dia 5 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, localizado na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá. Sete dias depois, na madrugada de 12 de julho, ocorreu um confronto na Avenida Contorno Leste, na capital, resultando na morte de um homem e na apreensão de um adolescente de 16 anos, que ficou ferido. Quatro dos PMs que foram alvos da operação estavam nesse confronto.

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Na ocasião, policiais da DHPP recolheram duas armas de fogo no local do confronto e as submeteram a exames de balística. O laudo apontou que uma das armas foi utilizada no assassinato do advogado. Com o avanço das investigações, os agentes concluíram que o confronto foi forjado.

A reportagem teve acesso ao boletim de ocorrência redigido pelos policiais militares envolvidos, onde consta a versão oficial do suposto confronto. De acordo com o documento, os agentes alegaram que estavam em patrulhamento quando receberam a informação de um roubo de veículo ocorrido próximo ao Shopping Pantanal. Durante o trajeto, os suspeitos teriam colidido com uma motocicleta e fugido em direção ao bairro Planalto.

Os policiais informaram que, ao se depararem com o veículo dos criminosos na Avenida Contorno Leste, houve confronto após os suspeitos atirarem contra a viatura. Segundo o boletim, um dos indivíduos tentou desembarcar armado e foi baleado ao desobedecer a ordem de soltar a arma, caindo do veículo.

Outros dois suspeitos também estariam no veículo, o adolescente de 16 anos e um homem identificado apenas como Ruan, de alcunha Japão. Na versão dos policiais, Japão continuou acelerando o carro até entrar em uma área de mata e conseguiu fugir. O adolescente também foi baleado e resgatado com vida.

Duas armas foram encontradas com o adolescente e o bandido não identificado, uma pistola Jericho e uma Glock.

A DHPP, no entanto, concluiu que esse confronto foi encenado com o objetivo de plantar uma das armas na cena e confundir as investigações sobre o assassinato de Nery. A motivação do crime ainda não foi divulgada pela polícia.

Os militares presos na operação são Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos e Wekcerlley Benevides de Oliveira. O sargento Heron Teixeira Pena Vieira, que também teve mandado de prisão decretado, está foragido. Além dos policiais, foi preso Alex Roberto de Queiroz Silva, caseiro de Heron e apontado como executor do crime.

A motocicleta utilizada no assassinato foi apreendida parcialmente desmontada em uma mecânica na cidade de Barão de Melgaço, a 100 km de Cuiabá. As investigações continuam para esclarecer a participação de todos os envolvidos no crime.



Estadão MT