Motorista de app transforma carro em “loja” de velas artesanais
A caminho do trabalho, da academia, da escola ou voltando para casa, se você usa aplicativos de corrida em Cuiabá, talvez já tenha cruzado o caminho do motorista Marcelo Rondon Leite, de 40 anos, conhecido por suas velas aromáticas.
As velas não são um extra; já se tornaram minha principal renda. Eu saio para vender, não para rodar
Em recipientes que mais parecem embrulhos de presentes ou itens de decoração, as velas vendidas por Marcelo durante as corridas são produzidas por ele e por sua esposa, a bancária Vanusa Berti Rondon, também de 40 anos.
Casados há sete anos e com o sonho de empreender, o casal começou, há exatos três anos, a confeccionar e vender velas, dando início à Mava. “O nome foi criado com a junção das iniciais dos nossos nomes”, explica Vanusa.
Os planos são montar uma loja física e tornar suas velas aromáticas conhecidas em todo o país, além de encontrar pessoas interessadas em revender seus produtos.
“São velas em cera vegetal de coco, e boa parte delas com óleos essenciais, sem toxinas; são 100% naturais. A cera de coco queima lentamente e dura bastante tempo”, diz Marcelo.
“Entre os nossos diferenciais está a apresentação das velas – as latas e o pavio de madeira que conferem um ar mais rústico. Eu brinco que fazemos luz primitiva gourmetizada”, completa.
Lavanda, capim-limão, alecrim, menta, erva-doce e limão siciliano são apenas algumas das essências utilizadas na produção.
Compras no trajeto
Segundo o autônomo, seu foco hoje é a venda das velas. “As velas não são um extra; já se tornaram minha principal renda. Eu saio para vender, não para rodar”, disse.
Hoje, ele trabalha quase em horário comercial nas vendas. “Saio para trabalhar, em média, às 7h30, e só encerro às 20h, fazendo pausas para almoçar e ir à academia”, afirma.
São velas em cera vegetal de coco, e boa parte delas com óleos essenciais, sem toxinas; são 100% naturais. A cera de coco queima lentamente e dura bastante tempo
No trajeto, o passageiro que embarca no carro é recebido com um cumprimento cordial. Em pouco tempo de conversa, Marcelo apresenta seus produtos e convence o cliente a experimentar os aromas.
“Recebo todo tipo de gente no carro: pessoas de bom e mau humor. Só de perguntar como está sendo o dia já quebra o gelo, e a pessoa sorri, agradecendo. Depois, apresento o produto sem insistir”, diz.
Foco total
O casal hoje se divide entre Cuiabá e Rondonópolis. “É desafiador, mas isso só acontece devido ao foco no nosso propósito”, afirma Vanusa.
A família morava toda na Capital até que ela foi promovida e transferida para outra cidade.
“Para mim, é mais interessante vender as velas aqui. Daí fico nesse lá e cá – alugo um lugar e fico durante a semana, e viajo aos finais de semana para lá”, explica Marcelo.
Graduado em Administração de Empresas e com anos de experiência no comércio, Marcelo começou a empreender em 2015 e, após algumas experiências frustradas, viu nos carros de aplicativo uma oportunidade de recomeçar a vida.
Em pouco tempo, percebeu que poderia aproveitar as corridas para vender. No começo, foram perfumes; depois, o casal passou, de forma quase autodidata, a fabricar velas.
“Tínhamos a intenção de colocar no mercado um produto nosso, mas não sabíamos o que. Junto com minha esposa, veio a inspiração – ela sugeriu fazer velas, e começamos a pesquisar, ver o mercado e produzir”, diz.
Marcelo vendeu uma vela, depois outra; o produto foi aprimorado e logo caiu nas graças do público. Hoje, o casal produz aproximadamente 200 por mês, com até sete combinações de essências diferentes.
“As vendas acontecem no carro – nosso Instagram é uma vitrine. Hoje, sou mais vendedor do que motorista, pois o que me motiva a sair de casa são as vendas. Se não fossem as vendas, já estaria empreendendo em outro ramo”, afirma.
“Acredito que tudo tem um propósito; não existe sorte ou azar. Quando somos atentos, nossa fé se amplia, nossa gratidão desperta e, quando estamos no caminho certo, nossa vida transborda. Acho que é Deus que faz as coisas acontecerem”, finaliza Marcelo.