Delegado, mulher e mais quatro investigadores suspeitos de proteger traficantes retornam ao trabalho
G1 MT
O delegado da Polícia Civil, João Bosco Ribeiro de Barros, vai retornar à função pública após decisão do juiz Bruno D’Oliveira Marques, da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular. A decisão foi proferida na quinta-feira (14).
João Bosco, a mulher dele, investigadora Gláucia Cristina de Moura Alt, e agentes da polícia Márcio Severo Arrial, Cláudio Roberto da Costa, Leonel Constantino de Arruda e George Fontoura Filgueiras devem retornar apenas em funções administrativas, estando proibidos de exercer qualquer função operacional.
Eles foram acusados de supostamente protegerem uma quadrilha de traficantes de drogas que atuava em Mato Grosso. Na sede da Polícia Interestadual de Mato Grosso (Polinter), em 2014, o delegado negou o crime e ainda ironizou sobre a Operação ‘Abadom’, deflagrada em junho daquele ano, com o intuito de desmontar esse esquema envolvendo policiais e traficantes.
Quando a operação foi deflagrada, Bosco e a mulher ficaram cerca de uma semana presos e conseguiram a liberdade. Porém, depois que o processo foi transferido da Comarca de Várzea Grande para a Vara do Crime Organizado em Cuiabá, as prisões preventivas dos dois foram decretadas novamente.
Para o magistrado, o afastamento dos policiais foi determinado em 2017 pelo prazo de 120 dias, prorrogado por igual período.
“Observa-se que há cerca de um ano se esgotou o prazo determinado para o afastamento dos réus de suas funções, sem que tenha este Juízo decidido pela prorrogação da medida acautelatória, bem como não houve requerimento do autor nesse sentido”, afirmou o juiz.
Durante sete meses de investigações foi apontado que João Bosco e sua mulher participaram de um esquema de acobertamento do tráfico de drogas em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A apuração culminou na operação Abadom.
Bosco e a mulher respondem na Justiça pelos crimes de associação ao tráfico e corrupção passiva. Os policiais foram afastados dos cargos pela Polícia Civil, mas continuaram a receber os salários normalmente.
Os outros quatro policiais civis também foram acusados de concussão, extorsão mediante sequestro e abuso de autoridade.
Por meio de nota, a defesa de João Bosco e Gláucia diz que recebe com muita tranquilidade a escorreita decisão proferida que revogou a medida cautelar de afastamento, vez que os motivos para a drástica medida e que a alicerçaram nunca subsistiram.
Destaca a defesa que João Bosco Ribeiro Barros é delegado de Policia no Estado de Mato Grosso há mais de 32 anos e Glaucia Cristina Moura Alt investigadora de polícia há mais de 12 anos, não existindo durante toda a trajetória profissional quaisquer atos que desabonassem as suas condutas ou suas qualidades. A defesa reafirma que não houve qualquer ato de improbidade ou qualquer ilícito praticado, não passando de alegações vazias e generalizantes, desprovidas de elemento tangível e suporte probatório.
Conforme a defesa, a inocência certamente será comprovada pelo Poder Judiciário e a verdade será restabelecida.