Projeto sustentável de universitários de MT ‘brinca’ com a física clássica ao curvar a luz em estruturas de concreto

Lucras Iglesias/G1 MT

Estudantes de engenharia civil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Barra do Garças, criaram uma estrutura de concreto que se “curva à luz”.

Arthur Moura e João Oliveira, do 6º semestre, desenvolveram um protótipo que utiliza uma estrutura de concreto e fibra ótica para transportar a luz e assim para economizar energia. O projeto conceitual via “curvar a luz” 90 graus e assim levar a luz a qualquer posição.

Parece utópico, já que nas aulas de física os professores ensinam que a luz só anda em linha reta, mas a invenção dos jovens não tem segredo.

Funciona da seguinte forma: uma peça de concreto, como viga ou quadrado, por onde passam cabos de fibra ótica. Essa fibra ótica conduz a luz de um ponto a outro, sendo possível controlar a intensidade e a direção para onde ela vai, de forma que na prática, ela curva a luz por dentro da peça de concreto.

As aplicações dessa invenção na vida cotidiana são gigantescas, desde a parte estética, até mesmo a sustentabilidade.

“Você consegue economizar energia. Ao colocar uma peça dessa na parede, consegue aproveitar a luz natural externa, usando a energia solar por dentro do concreto ou até mesmo poderia fazer um centro com energia elétrica e distribuir por vários pontos da sua casa, direcionando essa luz que é curvada pelo concreto”, garante Arthur Moura.

Esse direcionamento da luz elétrica transmitiria a energia de um ponto da casa a outros. Na prática, geraria economia, já que utilizaria menos lâmpadas no ambiente sem perder a intensidade da luz. E essa luz também pode ser transmitida por baixo do solo.

Ela pode ser captada pela fibra ótica exteriormente e ser propagada para estações ou locais que ficam abaixo do solo, de forma que a luz captada pelas fibras seja curvada e direcionada para a direção desejada.

O trabalho foi batizado de “Concreto UFMT “.

Os alunos Arthur e João foram coordenados pelo professor e doutor Márcio Andrade, que foi o primeiro professor brasileiro a concorrer ao prêmio “Global Teacher Prize”, que equivale a um prêmio “Nobel da Educação”, em 2016.

“É um produto que pode ser implantado em todo o planeta. Uma proposta que pode virar negócio e é comercial. Uma oportunidade para os empresários conhecerem e saberem que dentro da universidade há alunos brilhantes que podem fazer a diferença”, garante o professor Márcio Andrade.

O professor valoriza ainda a pesquisa científica e reafirma que é preciso apoio para os talentos de Barra do Garças desenvolverem mais ideias como a de Arthur.

“Precisamos lapidar esses talentos e deixá-los prontos para o mercado de trabalho e que beneficie justamente a sociedade local. A UFMT é o agente para fazer esse tipo de transformação”, declarou.

As próximas etapas para Arthur e João é patentear a ideia, realizar mais testes e conseguir investidores para o projeto entrar no mercado como uma solução de uma nova forma atraente de construção com sustentabilidade, para Barra do Garças e todo o planeta.