Sindicalista alerta que 3 agentes prisionais estão “marcados para morrer” em MT

Folhamax

A categoria dos agentes penitenciários de Mato Grosso está em manifestação de protesto e “operação tartaruga” de três dias por luto em memória do agente penitenciário Elison Douglas da Silva, 37 anos, assassinado com quatro tiros na noite do último domingo (30) de junho. A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindispen), Jacira Maria da Costa, disse nesta sexta-feira (05) que ele morreu porque tentava impedir o trânsito de celulares na unidade e que outros três profissionais estão marcados para morrer.

“A ordem para tirar a vida desse servidor partiu de onde? A informação é que foi lá de dentro do CDP de Lucas do Rio Verde, onde Elison trabalhava”, revelou a sindicalista em entrevista a um programa policial de televisão, no horário do almoço.

O clima de apreensão tomou conta de todos os servidores das unidades penitenciárias, continuou a voz do Sindispen. “Nos sentimos totalmente inseguros, porque se tem mais três pessoas com encomenda para serem mortas, não tem como nós, mesmo um pouco à distância, nos sentirmos seguros, porque se alguém de dentro da unidade dá uma ordem e alguém executa quem seria um braço de segurança pública e o Estado não tem uma reação, qual será a segurança que a população também poderá esperar?”, questionou.

Como servidora, a avaliação dela não é das melhores, apesar da garantir que os trabalhadores fazem de tudo para manter a ordem e a presença do Estado dentro das penitenciárias. De acordo com ela, os servidores asseguram o cumprimento da legislação, mas para manter e melhorar isso, precisam que o governador Mauro Mendes “se sensibilize e comece a olhar para as unidades penitenciárias”.

“Precisamos avançar, mas também precisamos priorizar o que está acontecendo, que não é um fato isolado, é um dano causado à segurança pública, não foi ao agente penitenciário, foi um ataque direto à investigação, à preservação de vidas, à Polícia Militar”, argumenta.

Ela ponderou então que o Executivo precisa investir na segurança da unidade de Lucas prioritariamente (além das outras espalhadas pelo estado), para que os servidores se sintam seguros também fora do ambiente carcerário.

“Aí sim passaremos a ter um olhar mais sensível para nossas reivindicações. E o que temos hoje é uma pauta emergencial, pedimos que o governo venha, por meio do secretário [da Sesp, Alexandre Bustamante] para que isso seja exequível nas unidades, que hoje tem muitas regalias e precisamos que essas regalias atendam à disciplina da lei de execução penal”.

Sobre a prisão do diretor da Penitenciária Central do Estado (PCE), Revétrio Costa, por causa de um freezer recheado com 86 aparelhos de telefone celular, o Sindispen diz que está aguardando as investigações, porque até ontem todos tinham o colega como uma pessoa conceituada dentro do sistema prisional por muitas apreensões não só de telefones, mas de outras substâncias proibidas, como entorpecentes e armas e muitas vidas preservadas como resultado disso.

“Uma dessas apreensões veio a culminar com a morte de nosso colega. E ele fez muito disso quando estava à frente da unidade. Então ele tem o nosso respeito, porque não podemos dizer que ele está envolvido ou não, mesmo que tenha imagens, não podemos dizer que ele é culpado, porque ele ainda não foi condenado”, ponderou Jacira Maria da Costa.

As atividades estão suspensas em 54 das 55 unidades prisionais de Mato Grosso e ela pede para as famílias dos reeducandos não irem às visitas neste fim de semana porque não serão atendidas, para não haver tumulto nem transtorno. “Estamos fazendo um movimento pacífico. Pedimos respeito ao nosso luto. Assim como vocês têm o direito de fazer essas visitas, nós temos também o direito ao nosso luto. É o que pedimos. Segunda-feira teremos uma segunda etapa em respeito e memória de nosso companheiro Elison Douglas”.

INVESTIGAÇÃO

Três homens entre os 26 e 39 anos e dois menores de idade foram presos na segunda-feira (1º). A vítima estava de folga quando foi morta. De acordo com a Polícia Civil, ele foi alvejado pelas costas quando chegava na casa que construía no bairro Tessele Júnior por volta das 21h. Quatro homens teriam se aproximado dele quando chegava ao local e, sem falar nada ,abriram fogo.