PF aponta 3 índios como suspeitos de homicídio em aldeia
A Polícia Federal (PF) identificou pelo menos três suspeitos de envolvimento com o assassinato de dois jovens, de 24 e 25 anos de idade, que haviam sido sequestrados por índios da etnia Enawenê-nawê na última quarta-feira. De acordo com a assessoria de imprensa da PF, o delegado Hércules Ferreira Sodré, que investiga o caso, deverá pedir nesta terça-feira (15) à Justiça Federal de Mato Grosso a prisão preventiva dos três índios suspeitos.
Os nomes dos três foram revelados ao delegado nesta segunda-feira, durante depoimento prestado por um funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) que testemunhou as execuções na aldeia dos Enawenê-nawê, nas proximidades de Juína.
Os nomes dos suspeitos, o nome do funcionário da Funai, sua função e o teor do depoimento prestado ao delegado não foram divulgados pela PF por segurança e para evitar prejuízo às investigações e ao cumprimento das prisões posteriormente. Também por uma questão de segurança, o funcionário da Funai foi interrogado pela PF na sede da superintendência na capital.
Caso a Justiça Federal defira o pedido de prisão preventiva, a própria PF deverá ficar responsável por localizar os suspeitos e realizar o cumprimento do mandado, mas há a possibilidade de os policiais negociarem a entrega dos suspeitos com os líderes da aldeia, segundo adiantou a assessoria de imprensa da PF.
A PF também esclareceu que os suspeitos deste caso podem ser presos por não serem índios de comunidades isoladas. Por terem contato rotineiro com centros urbanos e com o mundo exterior a suas aldeias, esses índios não são considerados inimputáveis.
Entenda o caso
Os amigos Genes Moreira dos Santos Júnior, de 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, de 25, foram mortos entre quarta-feira e sábado após terem sido sequestrados por índios da etnia Enawenê-nawê.
Na quarta-feira, os dois estavam em um veículo e foram parados no pedágio do bloqueio feito pelos índios na rodovia federal BR-174, entre Juína e a divisa com o estado de Rondônia.
Os dois foram sequestrados após uma desavença com os índios que cobravam pedágio na estrada, segundo acreditam as famílias das vítimas. Aos três dias de desaparecimento, os corpos dos amigos foram entregues à Polícia Civil e à PF por índios Enawenê-nawê. Eles marcaram um encontro com os policiais e compareceram com pinturas e trajes de guerra.
Os corpos dos amigos mortos na aldeia foram entregues já em estado de decomposição e os índios que os levaram afirmaram que várias pessoas na aldeia se envolveram com a execução.
O caso gerou revolta na região de Juína, com novos bloqueios de rodovia. No fim de semana, a sede da Funai também teria sido apedrejada e atingida por tiros de arma de fogo, mas nenhum boletim de ocorrência a respeito chegou a ser registrado, segundo as polícias Civil e Militar.
A PF também esclareceu que a prisão de quatro índios – incluindo um líder – da etnia Enawenê-nawê ocorrida nesta segunda-feira em Rondônia não tem qualquer relação com as execuções investigadas na aldeia. (Do G1 MT)