Vaqueiro confessa que matou procuradores e pede desculpas à família no Tribunal do Júri
G1 MT
No julgamento que teve início nesta terça-feira (6) e deve se estender até quinta-feira (8), o vaqueiro José Bonfim Alves Santana, de 45 anos, confessou o assassinato de dois procuradores estaduais em uma fazenda em Vila Rica, (MT), no dia 9 de setembro de 2016, mas se manteve em silêncio durante a audiência.
“Primeiro eu queria pedir desculpa para a família das vítimas, pedir desculpa para a população de Vila Rica, cumprimentar a bancada aqui. O povo que veio assistir, a expectativa deles é ouvir um depoimento meu mais específico, mas no momento achei por bem não falar nada”, disse José Bonfim.
Todas as testemunhas de defesa foram dispensadas nesta terça-feira.
Saint-Clair Martins Souto, de 78 anos, e Saint-Clair Diniz Martins Souto, pai e filho, respectivamente, desapareceram em Vila Rica no dia 9 de setembro daquele ano. A família registrou queixa do desaparecimento no dia 12 de setembro, após os procuradores não retornarem para Brasília, como esperado.
Um dia depois, Bonfim foi preso em Colinas (TO) e confessou o crime. Desde então o vaqueiro está preso na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva, em Água Boa, a 736 km de Cuiabá.
A viúva e mãe das vítimas, Elizabeth Diniz Martins Souto, é advogada e atua como assistente de acusação e a nora dela, viúva de Saint Clair Filho, Maria Cecília de Marco Rocha, que é juíza federal, é representada como assistente de acusação pelo advogado Mário Alves Ribeiro.
“Extremamente triste, porque a vida toda subi na tribuna e nunca pude imaginar que já no apagar das luzes, há tantos anos de profissão, querendo parar, eu fosse fazer Justiça ao meu marido e ao meu filho”, disse ela.
Por haver peculiaridades no caso, o juiz Ivan Lúcio Amarante pontuou determinações para a realização do julgamento.
Ele determinou que eventuais autoridades que não sejam agentes de segurança, ainda que sejam detentoras do direito/prerrogativa do porte de arma de fogo, não poderão adentrar ao recinto do fórum portando qualquer tipo de arma de fogo, requisitou ao Comando da Policia Militar que encaminhe o reforço policial que entenda necessário para a garantia da segurança para os três dias de sessões do Tribunal do Júri.
O crime
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), Bonfim atirou em Saint-Clair quando o idoso estava montado em um cavalo. A vítima foi atingida pelas costas enquanto andava pela propriedade.
O funcionário, então, foi até o curral da fazenda e procurou pelo filho da vítima dizendo que o pai havia caído no pasto. Os dois foram a cavalo até o local indicado por Bonfim.
No momento em que Saint-Clair viu o pai caído, desceu do cavalo e se aproximou. Bonfim, ainda montado no cavalo, atirou e matou a segunda vítima pelas costas. O funcionário ainda escondeu os corpos das vítimas.
Para o MPE, Bonfim matou as vítimas porque os procuradores teriam desconfiado que o funcionário estava furtando gado e revendendo os animais deles. O vaqueiro confessou o crime, tanto à polícia quando à Justiça de Mato Grosso
Quando do início das novas investigações sobre o crime de furto de gado, o delegado Gutemberg de Lucena afirmou à época que o funcionário teria causado um prejuízo de, pelo menos, R$ 1 milhão às vítimas.
Com a quebra do sigilo bancário, a polícia descobriu que a movimentação financeira na conta do funcionário nos últimos meses era bem maior do que salário que ele recebia, de R$ 1,2 mil por mês. Ele foi capturado após fazer um saque em uma agência em Colinas do Tocantins.
Bonfim era funcionário da família há oito anos.