Em conversa, ex-secretário de Silval manda colega sumir por 48 horas

Uma perícia técnica feita pela Polícia Civil em aparelhos celulares apreendidos durante a “Operação Sodoma” revela que o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, recomendou ao ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, “sumir” por até dois dias. Esta afirmação anexada ao processo pena que tramita na Justiça de Cuiabá aumenta o indício de que ambos já tinham conhecimento prévio de que seriam presos preventivamente.

Por meio do Whatsapp, aplicativo disponível em smartphones para conversas instantâneas, a troca de mensagens ocorreu no dia 3 de setembro de 2015. Ou seja, 12 dias antes de ser deflagrada a “Operação Sodoma” que culminou na prisão preventiva de ambos juntamente com a do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) pela suspeita de cobrança de propina para concessão de incentivos fiscais a empresas privadas.

No dia 3 de setembro, Marcel de Cursi entrou em contato com Pedro Nadaf, via Whatsapp, após manter uma conversa com o empresário João Batista Rosa, um dos sócios do grupo Tractor Parts, e autor das denúncias de cobrança de propina. Nadaf disse a Marcel: “não deixa de ir no adv”, que seria uma abreviação de advogado.

Em seguida, Marcel respondeu a Nadaf: “na dúvida some hj e amanhã”. O relatório ainda cita que a conversa foi excluída do aparelho de telefone celular, o que revelou a intenção de permanecer oculta. “Cabe ressaltar que esta conversa foi excluída do aparelho de celular, mostrando a intenção de ocultar este diálogo”, disse.

Após a conversa com Nadaf, o ex-secretário Marcel de Cursi entrou em contato com o advogado Leonardo da Silva Cruz para conversar a respeito de uma “urgência” que havia aparecido. “Um dia depois (04/09/2015) Marcel de Cursi entra em contato com Leonardo novamente, dizendo que algo não aconteceu, o que demonstra que eles estavam esperando determinado fato acontecer”, diz um dos trechos do relatório.

No dia 15 de setembro, quando foi deflagrada a Operação Sodoma, Marcel de Cursi, manteve conversas via Whatsapp com o ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Pela troca de mensagens, se entende que o ex-secretário iria auxiliá-lo no depoimento que daria a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Renúncia e Sonegação Fiscal da Assembleia Legislativa.

Temendo ser preso, Silval nem chegou a comparecer ao Legislativo. Aliás, o ex-governador deixará o centro de custódia de Cuiabá nesta terça-feira para prestar depoimento a juíza Selma Rosane Santos Arruda. (Redação/Folhamax)