Levantamento feito em 2018 e 2020 aponta que a água que sai das torneiras de Pontal do Araguaia possuía substâncias cancerígenas; outras 15 cidades na lista
Em Mato Grosso, entre 2018 e 2020, a água que sai da torneira estava contaminada em pelos menos 18 municípios. É o que mostra o Mapa da Água, do Repórter Brasil, lançado esta semana. Entre os compostos encontrados nas amostras estão agrotóxicos, materiais radioativos e até substâncias químicas geradas a partir do tratamento de água. Das 18 cidades, em 16 foram encontradas substâncias cancerígenas.
Essas substâncias trazem riscos à saúde e até do desenvolvimento de câncer, sendo algumas delas já proibidas na Europa justamente por esse risco. Isso significa que abrir a torneira – mesmo quando a água é “tratada” – nem sempre é seguro.
No estado foram coletadas 40.970 amostras nos 3 anos do levantamento, dos quais 34 apresentaram contaminação acima do limite de segurança, ou seja, quando traz riscos para as pessoas. Segundo o Mapa da Água, uma água contaminada é como um alimento que passa do prazo de validade, ou seja, imprópria para o consumo.
Foram encontradas 15 substâncias reconhecidas como cancerígenas, segundo a classificação de risco da Organização Mundial da Saúde ou de agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Os critérios dos “limites de segurança” são definidos pelo Ministério da Saúde.
Entre as substâncias encontradas na água dos mato-grossenses estão chumbo, selênio, rádio (substância radioativa), clordano (agrotóxico), níquel, nitrato, arsênio, entre outros.
A cidade de Mato Grosso com mais substâncias acima do limite foi Paranatinga (378 km ao sul de Cuiabá). Nas amostras foram encontradas substâncias cancerígenas como o arsênio (pode causar tumores na pele, pulmão, bexiga e rins), nitrito (substância inorgânica utilizada como conservante de carnes e embutidos) e cloreto de vinila (usado na fabricação de tubos, plásticos e na manufatura de solventes clorados).
Além disso, também foi coletado trihalometanos total, um subproduto do tratamento de água, que acima do limite permitido pode afetar fígado, rins e o sangue.
Já os elementos radioativos foram localizados nas amostras de Sinop (500 km ao norte) e Tangará da Serra (239 km a médio-norte) com atividade alfa total; e Comodoro (644 km a oeste), com Rádio 228. As duas substâncias são cancerígenas.
Na lista com as 19 cidades mato-grossenses constam ainda contaminação por fertilizantes, agrotóxicos, subprodutos obtidos durante o tratamento da água e vários metais.
Confira a lista completa
- Guarantã do Norte
– Cloradano: agrotóxico, pode causar câncer
– Endrin: agrotóxico, traz riscos à saúde
- Marcelândia
– Aldrin + Dieldrin: agrotóxico, pode causar câncer
- Sinop
– Atividade alfa total: radioatividade, pode causar câncer
- Sorriso
– Nitrato: fertilizante, pode causar câncer
- Juína
– Níquel: pode causar câncer
- Tangará da Serra
– Atividade alfa total: radioatividade, pode causar câncer
– Cádmo: pode causar câncer
– Urânio: risco à saúde
- Cáceres
– Chumbo: pode causar câncer
– Selênio: pode causar câncer
– Urânio: traz riscos à saúde
- Campo Verde
– Níquel: pode causar câncer
- Pedra Preta
– Arsênio: pode causar câncer
- Paranatinga
– Arsênio: pode causar câncer
– Nitrato: fertilizante, pode causar câncer
– Cloreto de Vinila: pode causar câncer
– Trihalometanos Total: subproduto de desinfecção, traz riscos à saúde
- Pontal do Araguaia
– Cloreto de Vinila: pode causar câncer
- Confresa
– Ácido Haloacético Total: subproduto de desinfecção, traz riscos à saúde
- Campinápolis
– Trihalometanos Total: subproduto de desinfecção, traz riscos à saúde
- Primavera do Leste
– Benzo[a]pireno: pode causar câncer
– Mercúrio: traz riscos à saúde
– Urânio: traz riscos à saúde
- Cuiabá
– Nitrato: pode causar câncer
- Comodoro
– Rádio-228: radioatividade, pode causar câncer
– Nitrato: pode causar câncer
- Arenápolis
Acrilamida: pode causar câncer
- Alto Garças
– Lindano (gama HCH): agrotóxico, pode causar câncer
– BEnzo[a]pireno: pode causar câncer
Fonte: Gazeta Digital.